Em correspondência a conselheiro do TCE/RS, Rossetto reitera motivos para a anulação do leilão da Corsan

Em mais um capítulo da obscura venda da Corsan, ainda em tramitação no Tribunal de Contas do Estado, depois que a Primeira Câmara, que julga o mérito, apontou inúmeras incorreções no processo, com destaque para a subavaliação da estatal, houve um voto favorável do conselheiro Renato Azeredo. Diante da postura de Azeredo que relativiza os erros apontados pelos conselheiros Estilac Xavier e Ana Moraes, o deputado Miguel Rossetto, que é membro da Comissão de Economia da Assembleia Legislativa e acompanha o processo, resolveu se dirigir diretamente ao conselheiro com algumas ponderações.

Rossetto encaminhou uma correspondência ao conselheiro Azeredo cobrando a postura ambígua registrada no voto, que acompanhou os questionamentos feitos pela conselheira Ana Moraes, que pediu anulação do leilão, diante de erros cometidos pelo Banco Genial, contratado sem licitação, que subestimou as projeções de lucro líquido da Corsan para o ano de 2022. “O senhor reconhece o erro de avaliação, mas sugere que a ‘discrepância’ entre o lucro projetado pelo Banco Genial e o de fato realizado é de ‘apenas 35%’, e não 59% como mencionado pela conselheira. Ou seja, uma discrepância de ‘tão somente’, nas suas palavras, de R$ 283 milhões, apenas para o ano de 2022, primeiro ano da avaliação,” apontou o parlamentar no texto da correspondência.

O deputado afirma ainda que a diferença entre o valor projetado e o realizado, entre o 2° e o 4° trimestres de 2022, era de pleno conhecimento dos dirigentes da Corsan, que optaram por não corrigir o valuation projetado, mantendo o preço mínimo de R$ 4,1 bilhões no edital do leilão.

Para Rossetto, o voto do conselheiro Renato ratificou o erro do Banco Genial mais uma vez, quando se tratou das projeções para 2023, que poderiam ter um lucro líquido de R$ 1,2 bilhão, conforme cálculo da conselheira Ana Moraes e ficaram em apenas R$ 234 milhões de lucro. “O senhor não faz qualquer menção à diferença de R$ 1 bilhão apontada no voto da conselheira Ana. Aliás, o senhor também não consultou a gestão da Corsan para questionar como se encerrou o 2º trimestre, assim, já teríamos 50% do ano e talvez pudéssemos ter mais clareza se a projeção da conselheira Ana Cristina Moraes estaria ou não ajustada à realidade. Se tivesse esta preocupação, teria constatado que o erro do Banco Genial é ainda maior. A soma do lucro dos dois primeiros trimestres de 2023 é R$ 543 milhões, conforme a própria Corsan divulgou,” afirmou o deputado em outro trecho da carta.

O parlamentar destacou ainda que a subestimação da geração de lucro da estatal se transformou em perdas gigantescas para o Governo do Estado, por conta da subavaliação da empresa, e ganhos gigantescos para o comprador, em especial quando os ganhos são projetados para o período de 40 anos.

No final da correspondência, Rossetto solicita ao conselheiro que reveja seu voto com base nos três votos da Primeira Câmara, que foram unânimes em afirmar que a Corsan foi subavaliada e que, portanto, o leilão deve ser anulado, para impedir um enorme prejuízo às contas do Estado e um ganho ilegal para o grupo Aegea.

 

 

Texto: Adriano Marcello Santos
Foto: Filipe Faleiro | Arquivo A Hora