A indústria, o agro e Lula*

 

Embora reconheça que o debate sobre a gestão fiscal é complexo, é preciso reagir quando o discurso ideológico redunda em desinformação

 

O sentido original do conceito de ideologia em Marx é o de falseamento da realidade. Para o filósofo, uma pessoa submetida a uma visão ideológica enxerga o mundo de forma enviesada. Às vezes, nos deparamos com essas manifestações e é, efetivamente, como se estivéssemos vivendo em um mundo diferente. Recentemente, argumentou-se que, normalmente, um governo de esquerda gera prejuízos para os setores da indústria e do agronegócio. E isso, conforme o raciocínio, seria consequência de uma determinada conduta negligente frente à questão do equilíbrio fiscal.

Apresento dois dados sobre o agronegócio: (I) em 2001, o saldo da balança comercial do agro era de US$ 19 bi; em 2013, após Lula e Dilma, o saldo pulou para US$ 82,9 bi; (II) no ranking mundial de exportações agropecuárias, o Brasil passou, entre 1999 e 2013 (após Lula e Dilma), da 31ª posição para a 2ª no milho, da 48ª posição para a 4ª no algodão, da 10ª posição para a 1ª na carne bovina e da 27ª para a 16ª na carne de porco. Esses dados e muitos outros podem ser acessados em um estudo do Ipea de 2016 sobre a dinâmica das exportações do agro brasileiro.

Em relação à indústria, basta uma boa leitura dos jornais para se perceber a diferença que um governo de esquerda faz para o setor. Recentemente, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) retomou suas atividades, após sete anos inativo. Quer dizer, foi inativado justamente após a usurpação do mandato de Dilma. Em sua primeira reunião, o CNDI informou que nos próximos quatro anos serão injetados R$ 106 bi no setor industrial brasileiro em áreas consideradas estratégicas para o país. Um apoio e tanto para um setor que estava carente de políticas públicas de desenvolvimento.

Ambos os dados demonstram que agro e indústria só ganham com governos de esquerda. Assim como todos os brasileiros. Por um motivo simples: valorizar a renda gera ciclos virtuosos na economia, e isso propicia crescimento para todos. Quem vê o mundo sem preconceitos e interesses mesquinhos entende perfeitamente.

 

 

(*)Por Luiz Fernando Mainardi, deputado estadual e líder da bancada do PT na ALRS

Artigo publicado no jornal Zero Hora em 17 de outubro de 2023

Foto: Joaquim Moura