IF Farroupilha: comunidade tem consenso na luta por uma unidade em Ijuí

Há unanimidade entre a comunidade de Ijuí e arredores sobre a necessidade de implantação de um Instituto Federal Farroupilha – IFFar –  no município. A constatação é dos deputados Jeferson Fernandes e Gerson Burmann (PDT), após audiência proposta por ambos à Comissão de Educação do Legislativo, realizada na Câmara Municipal de Ijuí, na noite desta quinta-feira (22/06), para discutir a expansão do IFFar. “Não há divergências: está bastante claro que Ijuí quer um campus do IFFar. Mais do que isso: já sabe inclusive como e o que quer que este campus tenha”, surpreendeu-se Jeferson. Já Burmann lembrou que a vinda do IFFar vai contribuir para “continuarmos avançando nesta área fundamental que é a educação”.

O vereador Beto Noronha (PT), também proponente da audiência em Ijuí, destacou que o desenvolvimento do município, do estado e do país dependem essencialmente da educação, e que isso demanda investimentos. E lembrou que ao receber do deputado federal Bohn Gass (PT/RS) a notícia de que haveria possibilidade de ampliação da rede de Institutos no RS, na hora disse: “Ijuí está no páreo! ” lembrando que as cidades de Santa Rosa, Santo Augusto e Panambi já haviam sido contempladas. Ele destacou a presença da reitora do IFFar no RS, Nídia Heringer e ressaltou que a luta por uma unidade da instituição é apartidária. “Não é a articulação de uma agremiação ou outra, é uma articulação de toda a comunidade, de lideranças locais e regionais”, frisou.

Expansão do IFFar

A reitora do Iffar informou que o plano da instituição, num prazo de 8 anos, a contar de 2019, é alcançar a marca de 15 unidades, sendo que, no momento, há 12 unidades, 180 cursos, com 16 mil estudantes matriculados. E contou que o Instituto se organiza por eixos tecnológicos, a partir de campus agrícolas e urbanos industriais, dependendo do arranjo produtivo do território. “Ofertamos 50% de cursos técnicos integrados ao ensino médio; outros 20% para formação de professores”, detalhou Nídia. Ela reforçou ainda que a segunda parte focal da expansão prevista para o IFFar é a formação de docentes. “Temos preocupação com as licenciaturas porque há ingresso significativo, mas muita desistência. Nossos netos não vão ter professores de química, física e matemática se nada for feito, porque ser professor deixou de ser uma profissão atrativa”, lamentou.

Nídia disse ainda que é possível cursar todas as etapas da educação profissional e tecnológica no IFFar, que há alimentação em todos os campi, mesmo os que não contam com moradia estudantil; e equipe multidisciplinar de saúde; além de diferentes tipos de auxílio, a depender da renda do estudante. “70% das famílias dos nossos estudantes tem em média 1,5 salário mínimo. Temos certeza de que fazemos a diferença com a pluralidade de cursos de formação que oferecemos”, apostou.

Sobre o andamento do processo de implementação do IFFar, a reitora explicou que é constituída uma comissão a partir dos campi do entorno do município; e o projeto é construído junto com a comunidade, considerando o que é necessidade e de que forma estas ofertas podem agregar valor social, econômico, produtivo. “A ideia é que a gente caminhe em direção àquilo que entendemos que é ideal a uma sociedade digna: cidadãos com condições sociais de bem-estar e de bem viver, que sejam sobretudo felizes porque, afinal, é a melhor coisa que podemos fazer enquanto gestores públicos”, assinalou.

O vice-prefeito de Ijuí, Marcos Barrichello se disse parceiro na luta por um IFFar, a partir de comissão constituída na Câmara e lembrou da importância de ter a Unijuí como parceira, já que faz parte da comunidade da região. “O IFFar vem para somar. Estamos todos engajados”, opinou.

Paulo Braga, presidente da Câmara Municipal de Ijuí, também destacou a importância da parceria com a Universidade local. “Temos de unir todo mundo. Nossa amada Unijuí é referência, com cursos de licenciatura. Só temos medicina na região porque temos essa Universidade. Também já deu para ver quantos novos cursos e oportunidades são geradas pelo IFFar. O que não dá é para nossos jovens não entrarem numa faculdade por não terem dinheiro. Temos espaço para o IFFar, para as escolas técnicas e para as novas unidades. Tem espaço para todos”, frisou o vereador.

Cláudio Souza destacou o fato de a comunidade estar em peso presente à audiência pública, o que considerou uma demonstração de força. Também reforçou a importância da educação para o desenvolvimento do município, estado e país. “Ficamos felizes com a notícia da expansão dos Institutos Federais em mais 320 unidades no país. Isso é uma grande conquista”, ponderou. Ele reiterou ainda a necessidade de incentivo federal a programas de formação de professores. “Corremos o risco de termos um ‘apagão’ de professores”, alertou.

Eveline Eberle, Coordenadora da 36ª Coordenadoria de Educação acrescentou que no RS há mais pessoas com mais idade do que jovens. “Significa que teremos menos pessoas para cuidar de nós quando precisarmos. Então, do ponto de vista educacional, o que vier em favor dos que estão nos bancos escolares, vem para somar e é muito bem-vindo”, assinalou.

Já a reitora da Unijuí, Cátia Nehring, falou em nome de mais de mil pessoas que dependem diretamente da Universidade. E alertou para que não se faça no início desse processo, “matar uma para fazer o outro”, referindo-se à vinda do IFFar para Ijuí enquanto a Unijuí enfrenta dificuldades financeiras. Ela defendeu que haja parceria entre Instituto e Universidade. “A Unijuí já tem estrutura para isso. Vamos fechar uma instituição ou vamos fazer como em 1957, quando, de fato, decidiu-se que somos uma comunidade regional que acredita na educação? ”questionou, lembrando a mobilização regional que culminou na criação da Unijuí.

Cátia contou que a Unijuí já teve cerca de 6 mil alunos, metade do total de alunos, matriculados em cursos de formação de professores. “Hoje a realidade dessa instituição pública não estatal é de 8 licenciaturas. Isso porque tomamos para nós a decisão de não fechar. Sabem quantos estudantes temos em matemática? Apenas 36, num curso que tem conceito 5 do MEC”, lamentou.

Bohn Gass chamou a atenção para o bom momento atual do Brasil no que tange à expansão da rede federal de educação. “Quando foi a última vez que vocês puderam sentar para discutir ampliação no que diz respeito à educação”? questionou.  Ele observou que a dicotomia entre o novo IFFar e a Unijuí não é antagônica. “É possível ampliar consolidando e consolidar ampliando”, frisou.

O vereador de Ijuí, Sérgio Pires, se disse satisfeito em ter acompanhado a instalação da 1ª fase dos campi de Panambi e Santo Augusto. “Na época, lutei para colocarmos um campus aqui também, mas havia divergências. Estou feliz que não há mais conflitos entre instâncias nesse sentido”, rememorou Pires, que opinou: Compromisso da comunidade com a educação significa sim aceitarmos o desafio de acolhermos esse IFFar público, mantendo o compromisso histórico que temos com a Unijuí, para torná-la ainda mais grandiosa e honrar os seus 66 anos”.

Denis Lima, de Joia, falou como pai de duas crianças. “O que me enche de expectativa, sem dúvida, é a possibilidade de estarmos perto ou mais perto de uma instituição de ensino que ofereça para nossos filhos a oportunidade de permanecerem aqui e de contribuírem com o processo de desenvolvimento local”. Ele concordou com a necessidade de firmar parcerias com instituições como Unijuí, UFSM e escolas técnicas. “Que meus filhos possam sair lá do município com possibilidade de discutir ciência e tecnologia para beneficiar o seu entorno, porque, do contrário, eles terão de ir embora, engrossar favelas”, refletiu.

Por fim, o ex-reitor da UFSM e atual diretor geral da Secretaria de Educação e Cultura, Paulo Burmann disse conhecer o significado da educação técnica e tecnológica em todos os níveis. Ele destacou que a capacitação profissional, de curto, médio e longo prazos, abre portas para milhares de jovens que buscam qualificação para o mundo do trabalho. “Também é diferença para aqueles que buscam alcançar um nível de dignidade e de cidadania para constituir a sua família, para reforçar os princípios da sua comunidade e o desenvolvimento regional, promover o desenvolvimento de seu município, estado e do país”, acrescentou. O diretor vê com satisfação o engajamento das lideranças regionais, estaduais e federais em favor do IFFar, pois entende que qualquer estratégia nesse sentido deve ser baseada no desenvolvimento da educação. “A chegada do Instituto, aliada a outras instituições como a Unijuí, e a parceria com estados e União é a receita de que nós precisamos”, finalizou.

 

 

Texto: Andréa Farias – MTE 10967

Fotos: Eduardo Silveira