O deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) ciceroneou em visita ao Legislativo o parlamentar da cidade de Nápoles, Luigi Magistris, que foi prefeito daquele município por 11 anos. A comitiva, formada pela professora doutora Sandra Regina Martini, coordenadora do Mestrado em Sociologia do Direito da Uniritter, o jornalista napolitano e assessor parlamentar Domênico Annunziata, a pesquisadora Alessia Magliacane, veio ao estado para estudos exploratórios sobre Direitos Humanos e Meio Ambiente. A convite de Jeferson, o grupo foi recebido pelo presidente do Parlamento Gaúcho, deputado Vilmar Zanchin (PMDB).
Magistris foi promotor, tendo trajetória destacada contra a máfia na zona da Calábria. No entanto, chamou a atenção do deputado petista a atuação do parlamentar em defesa da água pública em Nápoles. A cidade é a única na Europa que preserva os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário sob domínio público, graças à resistência de Magistris, que a manteve como bem comum. “Se tu não controlas a água, o controle privado pode escolher se a água irá para a agricultura, para a indústria, para a população”, alertou o ex-prefeito que, naquela cidade teve de “lutar” contra as investidas inclusive da Câmara local. “Os vereadores faziam leis para obrigar a privatização da água. Mas nunca aceitei isso. Foi uma resistência”, contou.
Jeferson contextualizou a Magistris a situação do saneamento no RS, fazendo um paralelo entre o caso napolitano e a luta no Parlamento gaúcho para impedir que o Estado faça um péssimo negócio com a venda da Corsan. “Aqui no Brasil, a legislação atual também direciona à privatização. Mas estamos lutando porque muitos municípios não concordam com a venda da Companhia; e há grandes riscos de que a empresa seja negociada abaixo do valor real, com prejuízo de atendimento para a população. Falta transparência no processo”, detalhou o petista. Ele lembrou que há dúvidas quanto aos índices corretos alcançados pelo estado na cobertura de saneamento e esgotamento sanitário. “Nem isso conseguimos saber ao certo, porque o governo joga para baixo esses números conforme a necessidade de justificar a privatização dos serviços. Mas servidores da Companhia apresentam cálculos bastante superiores e reclamam que o governo os ignora”, explicou Jeferson.
O ex-prefeito contou que em Nápoles há 100% de abastecimento de água e cobertura de esgoto com tarifas menores. “Quando a empresa de água funciona bem, se consegue fazer tudo por ali”, justificou Luigi.
Por fim, Jeferson convidou Magistris para voltar ao RS no segundo semestre e discorrer ainda sobre os temas saneamento, como gestor público; e combate à máfia italiana, como membro do Ministério Público da Itália.
Após a visita à presidência, onde o parlamentar italiano recebeu de presente do presidente Zanchin um livro de fotografias artísticas sobre o RS e um conjunto de cuia e bomba de chimarrão, pode ainda visitar o plenário do Legislativo, no início da tarde. Depois, seguiria para uma visita à fonte que dá origem ao Arroio Dilúvio.
Texto: Andréa Farias – MTE 10967
Foto: Thiago Koche