sexta-feira, 22 novembro

 

O turismo e a economia na região dos Aparados da Serra foram temas de uma audiência pública realizada nesta quinta-feira (1º), no Centro de Eventos 29 de Setembro, em Cambará do Sul. O encontro, proposto pelo deputado estadual Pepe Vargas, reuniu  empreendedores, representantes do turismo, agentes políticos e membros da comunidade, que discutiram a situação da cidade após a concessão do Parque Nacional de Aparados da Serra à iniciativa privada.

Na audiência ficou definido buscar o apoio da bancada dos deputados federais do Rio Grande do Sul, para discutir,  com  o governo federal, um aditivo ao contrato de concessão do parque. “Precisamos que seja rápido, porque a situação como está hoje é dramática para comunidade”, constatou o deputado.  Também encaminhadas, ao governo do Estado, a lista de reivindicações da comunidade sobre melhoria da infraestrutura turística, especialmente do asfaltamento do trecho da RS- 427, de acesso ao Parque dos Aparados da Serra.

Segundo o deputado Pepe Vargas a audiência foi realizada a pedido de empresários do segmento turístico do município. O Parque Nacional de Aparados da Serra é considerado um dos mais antigos parques do país. Após o processo de concessão, o parque passou a ser administrado pela empresa Urbia Cânions Verdes, responsável também pela cobrança durante a visitação de turistas.

Os valores cobrados, segundo os moradores, são o maior motivo da redução no número de turistas na cidade, além da falta de investimento em infraestrutura turística. A expectativa era que, com a concessão, o parque recebesse até 1 milhão de pessoas ao ano, movimentando o turismo nos municípios da região dos Campos de Cima da Serra.  No entanto, após quase dois anos, o local registrou baixa nas visitações. O preço de R$97 para visitar os cânions Fortaleza e Itaimbezinho é considerado inviável para garantir as visitas.

Uma pesquisa realizada em parceria com o Sebrae, apontou a redução de 30% no turismo da cidade, em comparação com os números de 2019.  “As visitações são uma fonte importante para o turismo, de Cambará do Sul e da região serrana”, frisou Pepe Vargas.  Pepe destacou ainda que logo que a concessão foi anunciada, o assunto foi tratado como a reinvenção do turismo na cidade. “Mas o que vemos é justamente o contrário: uma queda de 30% nas visitações devido ao preço impraticável que é cobrado”, completou.

Cerca de 100 pessoas estiveram presentes na audiência. Muitos deles lembraram que a empresa Urbia Cânions Verdes ficou responsável por revitalizar o espaço e modernizá-lo. O investimento previsto à época era de R$ 260 milhões. Empreendedores da área do turismo relataram os investimentos feitos na rede hoteleira diante a expectativa do incremento no número de visitantes com a nova gestão do parque.  Também esteve na pauta dos moradores a necessidade de um olhar das autoridades para o desenvolvimento do turismo sustentável, preservando a biodiversidade da região, as características naturais do município e a cultura das comunidades locais.

O diretor da Urbia Parque RS/SC, Lindenor Cavalheiro, lamentou a situação, e disse que a empresa vai buscar, a partir do que o contrato permite, uma solução adequada. Cavalheiro argumenta que a viabilidade econômica do projeto não condiz com a realidade. Além dele participaram da audiência a chefe-substituta da ICMBIO, Eridiane Lopes da Silva,  o secretário de Turismo de  Cambará do Sul, Fabiano de Souza, a presidente do Conselho de Turismo, Cassiana Nery, o secretário de Turismo  de Praia Grande (SC), Henrique Maciel, o secretário de Turismo, Esporte e Cultura do município de Timbé do Sul, Edmilson Mondardo, e o representante da Associação dos Condutores Locais de Ecoturismo, Levi de Lima Ferreira.

 

Texto: Silvana Gonçalves

Foto: Letícia Solano

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