Ineficiência da CEEE Equatorial derruba justificativa utilizada por Eduardo Leite na privatização da companhia

Ineficiência da CEEE Equatorial derruba justificativa utilizada por Eduardo Leite na privatização da companhia

Uma das justificativas do Governo Leite para a privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), em 2021, era de que a empresa que a adquirisse conseguiria atender os parâmetros de qualidade de prestação de serviço impostos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Essa tese, no entanto, caiu por terra a partir de estudo da agência que aponta que no ano passado mais uma vez a CEEE Equatorial não alcançou o desempenho exigido quanto aos indicadores de qualidade. O descumprimento dos parâmetros de qualidade e a demora no restabelecimento do fornecimento de energia elétrica após a última tempestade que atingiu o estado motivaram as bancadas estadual e federal do PT a exigir a responsabilização da empresa.
A Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), que trata do tempo que cada unidade consumidora ficou sem energia elétrica, em 2023 foi de 15,27 horas quando o limite era de 8,72 horas. Já a Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), que refere-se ao número de interrupções ocorridas foi de 6,88 interrupções e não poderia ter passado de 6,35. Outro indicador negativo da CEEE Equatorial foi o tempo médio de preparação, deslocamento e execução, que passou de sete horas em 2021 (ano em que a CEEE foi privatizada pelo governo Leite) para mais de 13 horas no ano passado.
Com a última tempestade, cerca de 600 mil residências ficaram sem eletricidade. Em entrevista ao Jornal do Almoço, o presidente da CEEE Equatorial, Riberto José Barbanera, estimou que apenas sexta ou sábado a eletricidade deve ser retomada em todas as residências. “Inaceitável e vergonhoso o péssimo serviço prestado pela CEEE Equatorial, que não tem condições de prestar o serviço pelo qual foi contratada, deixando mais de um milhão de pessoas sem energia”, afirmou a deputada Stela Farias, presidente da Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa.
A parlamentar promete endurecer a cobrança pela devida prestação deste serviço, procurando a responsabilização dos culpados pelos prejuízos e pela negligência do atendimento ao povo gaúcho. “Nem o prefeito de Porto Alegre, muito menos o governador, conseguem contato com a empresa, que despreza a população e a importância do serviço prestado. Isto é a prova de que privatizar um serviço essencial é um erro gravíssimo da gestão de Eduardo Leite, comprovado a cada temporal nos últimos três anos”, afirmou a deputada Stela Farias.
A demora no restabelecimento do fornecimento de energia elétrica também mobilizou a deputada federal Maria do Rosário (PT) que registrou denúncia contra a CEEE Equatorial na Aneel. “Solicito que a Aneel convoque a CEEE Equatorial a apresentar plano imediato e prazo para retorno de energia em Porto Alegre. Destaco que a situação é gravíssima, mas não isolada. O efeito do temporal é mais grave porque empresa não tem cumprido sua obrigação”, argumentou a parlamentar que também requereu reunião com diretor-geral da Aneel, Sandoval de Araujo Feitosa Neto com representantes do estado, município, união e parlamentares.
Em 2022, a CEEE Grupo Equatorial Energia ocupou a última colocação (29ª) no ranking de continuidade de fornecimento de energia elétrica da Aneel. Em outubro do ano passado, o resultado da prestação de serviço da CEEE Equatorial lhe rendeu uma multa de R$ 24 milhões da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Agergs), que justificou a medida pela “baixa qualidade do serviço prestado”, “descumprimento parcial do plano de resultados de 2022”, “precariedade da manutenção” das instalações, “descumprimento de contrato”, “desrespeito às normas federais” e “insatisfação generalizada”.

 

Texto: Claiton Stumpf – MTb 9747

Foto: Foto: Divulgação/Agergs/Acervo