domingo, 24 novembro
Foto: Reprodução / ALRS | Agência ALRS

Uma nova visita à Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa) de Porto Alegre será agendada pelo deputado estadual Pepe Vargas (PT), assim que possível em virtude da pandemia, para buscar alternativas em relação ao horário permitido à comercialização pelos agricultores familiares. Durante a audiência virtual realizada, nesta quinta-feira (25), para debater o tema, na Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa, o presidente Ceasa, Ailton dos Santos Machado, demonstrou resistência à alteração, mas se mostrou disposto a receber o parlamentar. Na análise dele, o atual horário atende 80% das necessidades dos produtores rurais. Machado, na ocasião, representava também o secretário estadual da Agricultura, Covatti Filho.

O deputado Pepe Vargas no mês de fevereiro, esteve em visita à Ceasa para conversar com os agricultores da Serra Gaúcha. Os produtores relataram que por uma questão de organização das vendas, precisam madrugar e, muitas vezes, passam noites em claro para posicionar os seus veículos e produtos nas rampas de descarregamento à espera da abertura do pavilhão da Ceasa. A comercialização no pavilhão somente é permitida após o horário do meio dia, enquanto isso os atacadistas realizam as vendas. Aos agricultores cabe realizar as vendas nas próprias rampas, pois a parte da manhã é de maior movimentação. Ao todo são cerca de 100 rampas para abrigar uma média de até 500 caminhões. “Este é um tema recorrente. Os agricultores os quais eu conversei e os representantes dos sindicatos rurais, relataram que esses problemas vêm sendo tratados por diversas vezes e, infelizmente, sem uma solução adequada ”, contou o parlamentar.

Pepe lembrou a importância da agricultura familiar no contexto da economia do Estado do Rio Grande do Sul. “Mais de 90% dos estabelecimentos rurais do estado do Rio Grande do Sul são de agricultores familiares, são eles que produzem a imensa maioria dos produtos que chegam à mesa dos gaúchos”, ressaltou Pepe Vargas.

Para o agricultor familiar, Ivanor Rech, presente na audiência, é preciso igualdade. “Se houvesse igualdade de venda, ficaria melhor para o mercado, para o comerciante. Na parte da tarde no pavilhão vende-se uma caixa por vez e não temos como competir, sobreviver, temos custos para manter, como o box, além disso os produtos ficam expostos muito tempo e, muitas vezes, a mercadoria que volta vai fora, vai para indústria”, contou.

Sobre a abertura do pavilhão no turno da tarde, o presidente da Ceasa justificou que há produtores com características diferentes. Segundo ele, se abrissem o local às 10h, produtores de folhosas, por exemplo, que neste horário ainda estava colhendo seus produtos, ficariam fora da disputa. Acrescentou que estabelecer o mesmo horário para todos causaria prejuízos maiores a outros clientes, sendo necessário assim um equilíbrio.

Também participaram da audiência, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul, Rudimar Menegotto, o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura, Eugênio Zanetti, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bom Princípio, Pedro Paulo Schimt e o presidente do Sindicato do dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha, Olir Schiavenin e a representante do Departamento de Agricultura Familiar e Agroindústria (DAFA), Josi Paz.

Texto: Silvana Gonçalves

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