domingo, 24 novembro

 

Foto: Divulgação/Associação Rio Camaquã – União Pela Preservação

 

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o governo do Estado assinaram, nesta semana, um acordo para realizar o inventário participativo de potenciais hidrelétricos no Rio Camaquã com o objetivo de apontar os locais para a construção de sete barragens e instalação de usinas hidrelétricas para a geração de energia elétrica. O líder da bancada do PT, deputado Luiz Fernando Mainardi, no entanto, alerta para os prejuízos que essa iniciativa trará para a sociedade gaúcha. Em especial à população ribeirinha.
Mainardi classifica essa como uma tentativa de transformar o Rio Camaquã em uma atividade predatória, com prejuízos sociais, econômicos e ambientais desastrosos, pois o Rio Camaquã, em sua extensão de 430 quilômetros, percorre 28 municípios e desemboca na Lagoa dos Patos, entre São Lourenço do Sul e Camaquã. Neste percurso, o rio, que é preservado, serve de fonte de renda para milhares de famílias ribeirinhas que vivem fundamentalmente de uma renda obtida com a pesca, a pecuária e a agricultura familiar. “É inaceitável que o estado e uma agência façam investimentos como esse, desperdiçando recursos públicos, numa tentativa de fazer o maior ataque da história ao bioma Pampa como um todo. Se essa tentativa tiver andamento, nós vamos fazer de tudo para impedir”, assegurou.
Para o deputado, a intenção do governo é um retrocesso, pois contraria os esforços na utilização de outras fontes como a energia eólica e solar. “Quando estamos avançando neste sentido, volta a irresponsabilidade e a inconsequência destes criminosos. Se a ideia se concretizar será um desastre ambiental, social e econômico”. A expectativa do governo é de que pelo menos 12 meses serão necessários para a realização do inventário.
Conforme dados de junho da Aneel, o Rio Grande do Sul já possui uma potência instalada de 476,3 MW em geração distribuída, sendo superado apenas por Minas Gerais, com 787,6 MW, e São Paulo, com 476,9 MW. Quanto à matriz elétrica nacional, atualmente, o Brasil conta com uma capacidade instalada de 176 mil MW, sendo 83% desse total formado por fontes renováveis. A geração hidráulica é a que possui maior participação, com 58%. O restante da matriz é constituído por 11% de biomassa (matéria-orgânica), 9% eólica, 7% gás natural, 4% Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), 2% solar e 9% outros. Conforme o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2029, em nove anos o percentual de renováveis na matriz deverá ser de 80%, com a queda da hidráulica (42%) sendo compensada pelo crescimento da eólica (16%) e da solar (8%).

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