(Foto: Reprodução)
Com o tema “Vida em primeiro lugar”, o Grito dos Excluídos ocorre em todo o Brasil no próximo dia 7 de setembro
Interpretada pelo bispo Humberto Maiztegui e seu filho, Canción Con Todos abriu o lançamento, nesta quarta-feira (26), através da Rede Soberania e Brasil de Fato RS, da 26ª edição Grito dos Excluídos no Rio Grande do Sul. Tendo como o lema “Vida em Primeiro Lugar – Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação”, o evento acontecerá no próximo dia 7 de setembro. Em decorrência da pandemia e da necessidade do distanciamento social, a edição de 2020 será realizada virtualmente.
Na abertura do lançamento, foi exibido um vídeo com a memória do Grito no Rio Grande do Sul, oração ecumênica, manifestações e músicas. A mediação foi feita por Isnar Borges, da Rede Soberania e Brasil de Fato RS, e Roseli Dias, da Cáritas. “É uma grande alegria estar nessa atividade construída a muitas mãos, com as pastorais sociais aqui do RS, com os movimentos sociais, movimento de trabalhadores, movimento de moradia e com vários outros movimentos da sociedade. É uma atividade construída com muito amor e muito carinho em um momento que a nossa sociedade toda vive um momento delicado e em que nós precisamos lançar o nosso grito de forma organizada”, destaca Roseli.
Secretário do Grito dos Excluídos continental, Luiz Bassegio, fez o resgate do surgimento do Grito dos Excluídos e sua importância. “Com a emergência dos movimentos sociais, dos sindicatos, das centrais sindicais, no final da década de 1970, início da 1980, algumas categorias de trabalhadores se fortaleceram e em um dado momento se tornaram, de um certo modo, privilegiados no bom sentido, porque conquistaram seus direitos. Entretanto haviam outras categorias que ninguém representava, pensava ou defendia. Por exemplo, migrantes, domésticas, refugiados, povo de rua, etc. As pessoas iam para as manifestações e estavam cansadas de ouvir sempre as mesmas vozes e as mesmas lideranças. E ai que surgiu o Grito dos Excluídos para dar voz e vez aos excluídos”, expôs.
“Em tempos de pandemia, os gritos ecoam ainda mais fortes, diante do sofrimento que a doença e o descaso dos governos, sobretudo o federal, impõem a milhares de pessoas que perderam e perderão sua vida, ou familiares, amigos e conhecidos. A covid-19 escancarou o abandono a que a Saúde pública já vinha sendo submetida pelo não cumprimento do que está previsto na Constituição Federal de 1988, o desmonte gradativo do SUS e as reformas neoliberais que visaram a retirada de direitos sociais”, ressaltou a coordenação nacional do Grito.
Em sua manifestação, o secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo, ao falar sobre trabalho, lembrou os quatro anos do golpe de 2016. “Aquele golpe que eles deram em 2016 foi um golpe contra o direito dos trabalhadores. Um golpe do Judiciário arquitetado com os ‘grandões’, que tem por trás o interesse da elite brasileira. Essa gente que nunca escondeu que deram o golpe para passar a boiada. Significo o que estava ruim, piorar”, ressaltou, destacando que é o momento de reagrupar, somar esforços e partir com mais solidez para o próximo período. “Vamos derrotar essa gente e recolocar as coisas no lugar para o futuro do emprego, do trabalho, da vida, do teto e da terra para todos que precisam”, conclamou.
Movimentos lançam a Campanha Despejo Zero
Pelo Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), André Luiz Ferraz lembrou das pessoas que durante a pandemia estão perdendo suas casas, destacando a Campanha Despejo Zero em todo o Brasil. “Essa campanha é para que, ainda mais nessa pandemia, nós não tenhamos pessoas sem um teto. Falam muito que a gente não deve se aglomerar, e para não se aglomerar a gente tem que ficar em casa. Mas para aqueles que não têm casa não existe essa possibilidade. Estamos engajados ainda mais nessa campanha contra o despejo porque a situação está pior”, explicou. A Campanha Despejo Zero no RS acontecerá no dia 5 de setembro.
Representando o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Daniel Silva, da Juventude Sem Terra, destacou o lançamento do Plano Nacional que tem como compromisso plantar 100 milhões de mudas de árvores ao longo de 10 anos. “A construção de bosques construtivos, a recuperação de áreas degradas, de nascentes; o fortalecimento de uma nova forma de compreender o mundo. Essa é a visão, esse é o compromisso que nós do MST, camponesas e camponeses, reafirmamos nesse momento. E dessa forma, convidamos toda a população urbana a se somar a essa manifestação, plantando árvores em quintais de casas, praças, avenidas, parques, comunidades, se somando a esse grande grito que já ecoa em vários cantos do Brasil.”
Fonte: Redação Brasil de Fato | Porto Alegre