domingo, 24 novembro
Foto Reprodução TV AL RS
A Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa vai elaborar um documento reforçando o pedido comunitário e o colegiado fará uma visita à escola para conhecer as carências existente. Esses foram os encaminhamentos na manhã desta terça-feira (28), da audiência pública virtual que debateu a implantação do ensino médio na Escola Estadual Maria Cristina Chika, no bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. A deputada Sofia Cavedon (PT), presidente da Comissão, foi a proponente do encontro, a pedido do vereador Aldacir Oliboni (PT).

Ao defender a implantação, o vereador relatou que existe uma demanda urgente e histórica por mais uma escola com ensino médio na região. Conforme ele, residem na Lomba do Pinheiro cerca de 100 mil pessoas, que são atendidas por 12 escolas de ensino fundamental e apenas uma de ensino médio. “Anualmente se formam do ensino fundamental quase 3 mil estudantes que precisam se deslocar para bem longe para continuar estudando”, descreveu. Oliboni atestou que é grande o abandono da escolarização por parte dos estudantes da localidade, em razão da distância e alto custo de transporte público.

O frei Luciano Bruxel, coordenador do Centro de Promoção da Criança e do Adolescente (CPCA) da Lomba do Pinheiro e da Paróquia Santa Clara confirmou a grande demanda de alunos pelo ensino médio. Ele informou que o bairro tem um percentual de população infanto-juvenil de cerca de 34%, quase 10% superior em relação ao município de Porto Alegre. Frei Luciano falou também da localização da escola. “Fica praticamente no coração da Lomba”, confirmou.

A deputada Sofia Cavedon atestou que um dos principais problemas da educação no RS é a evasão escolar, caracterizada como um fenômeno social e agravada pela necessidade precoce de busca pelo trabalho e pela carência de disponibilidade do ensino médio em muitas localidades. Os encaminhamentos feitos pela Presidente da Comissão tiveram o apoio da deputada Luciana Genro (PSol) e do vice-presidente da Comissão, deputado Issur Koch (PP).

Direção – A diretora da escola Maria Cristina Chika, Ivelise Villanova Camboim, manifestou-se favorável à implantação, mas alertou para a grande evasão escolar existente nas escolas da região e informou sobre a insuficiência no quadro de professores e na falta de laboratórios de informática e ciências. A vice-diretora da escola, Lia Rodrigues, confirmou as carências do educandário. Presente na audiência virtual, o vice-presidente do Conselho de Educação do RS, Gabriel Gabtovski, disse que o pedido terá prioridade de análise. Ele lembrou que o Conselho já tinha lançado um parecer em 2014 aprovando a implantação de ensino médio em outra escola da região, o que não se confirmou. Pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc), a diretora pedagógica Letícia Grigoletto afirmou que reconhece a necessidade do ensino médio no bairro e que encaminhará o pedido formal da comunidade. Ela instruiu que o pedido seja feito pela diretora da escola à 1ª Coordenadoria de Ensino.

Manifestações

O diretor da Escola Municipal Saint Hilaire, Angelo Barbosa, reconhece a carência de ensino médio na região. Somente na Saint Hilaire são 500 alunos que se formam anualmente, segundo ele. A professora Tavama Santos, ex-diretora da Escola Afonso Guerreiro Lima, integrante da Comissão de Educação do Conselho Popular e coordenadora do cursinho pré-vestibular Kilomba, disse que a falta de acesso ao ensino médio amplia a exclusão social na região, formada por famílias de baixa renda e escolarização dos chefes familiares. O líder comunitário e integrante da comissão educação do Conselho Popular da Lomba do Pinheiro, Isnar Borges, disse que a mais uma escola com ensino médio pode beneficiar outras comunidades, inclusive indígenas, moradores próximos da Parada 16, onde se localiza a Chika.

Outro integrante da Comissão de Educação do Conselho Popular, o professor Acir Luís Paloschi, afirmou que a escola tem estrutura para receber alunos do ensino médio, o que também foi confirmado pela ex-diretora do Chika, Gleci Medeiros. A ex-aluna, professora universitária e liderança comunitária, Fernanda Paulo, asseverou que os jovens da Lomba do Pinheiro têm o direito constitucional de estudar e que cabe ao Estado providenciar acesso ao ensino. Ela lembrou que o bairro é composto por cerca de 30 vilas.

Também se manifestaram em apoio à implantação do ensino médio na escola o presidente em exercício da Umespa, Anderson Farias, o conselheiro tutelar Francisco Geovani de Souza e a presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Schürer.

Texto: Marta Resing (MTE 3199) com informações da Agência de Notícias da AL

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