A concessionária RGE sofreu cobranças severas na reunião virtual realizada pela Assembleia Legislativa, na quarta-feira (27), para discutir as reclamações de consumidores gaúchos a respeito da cobrança dos serviços de distribuição de energia. Deputados de diferentes regiões do Estado participaram da atividade promovida conjuntamente pelas comissões de Defesa do Consumidor e de Segurança e Serviços Públicos do Parlamento. O deputado Valdeci Oliveira, que foi um dos parlamentares que solicitou a realização da reunião, foi incisivo: “Não consigo compreender como um cliente pode ter um consumo de aproximadamente 130 quilowatts em janeiro, fevereiro, março e abril e, em maio, esse consumo passa para 379 quilowatts. Ou seja, mais do que dobrou em relação aos meses do verão, quando o ar-condicionado faz subir o consumo de energia. Outra coisa: eu li que uma das orientações da empresa é efetivar cortes a partir de 23 de junho em relação a todos (consumidores) que estão em atraso. Mas mesmo no auge da pandemia a concessionária vai fazer essa execução? Não vai haver nenhum tipo de sensibilidade? Acho lamentável porque vivemos uma crase que nunca tivemos e a pessoas carentes são as mais atingidas. A empresa tem que achar alternativas. Não estou satisfeito com as explicações dadas aqui”, disparou.
A coordenadora do Procon de Santa Maria, Márcia Moro, também foi na mesma linha. “Eu já disse uma vez: com a AES-Sul, era difícil. Mas com essa empresa (RGE) é infinitamente pior de se tratar. Essas contas são contas absurdas. A gente sabe que elas serão compensadas no futuro. Mas o problema das pessoas é agora. Gente que ficou com estabelecimento fechado e não tem condição de pagar R$ 1,5 mil pela média do consumo. A apresentação de powerpoint feita aqui é muito bonita, mas a realidade no Estado é bem diferente”, destacou.
A RGE foi representada na reunião pelo gerente de Serviços Comerciais, Jackson Farias de Oliveira, pelo gerente de Relacionamento com o Poder Público, Fábio Calvo Silva. Eles solicitaram acesso a todas as cobranças que gerem dúvidas e se comprometeram em tomar medidas para melhorar os serviços de informação e comunicação, outra queixa forte apresentada. Também asseguraram que “ajustes de faturamento serão feitos automaticamente pela empresa”.
Assim como Valdeci, o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia, Elton Weber, não ficou satisfeito com os retornos dados e afirmou que o tema seguirá sendo tratado na próxima reunião do colegiado da próxima quarta-feira (3). “Vamos convidar novamente os presentes e buscar a presença de representantes da ANEEL e também da CEEE, que lamentavelmente não compareçam na atividade de hoje. O valor maior das contas, a dificuldade de informações e comunicação com as concessionárias e a situação das pessoas de baixa renda são pontos que precisam de esclarecimentos e providências”, colocou.
Texto: Tiago Machado (MTE 9415)