O atual presidente não tem os atributos necessários para liderar o país no enfrentamento à pandemia. Por isso, o Brasil vive a pior situação da doença entre os seus vizinhos e deverá ser o segundo ou talvez até o primeiro pior cenário pós-pandemia em todo o mundo. Bolsonaro não consegue atuar, nem para defender a vida das pessoas, nem para proteger a economia. É uma tragédia. Tão grande quanto a covid-19.
Nossos vizinhos de fronteira, ao contrário, convivem com números que deveriam envergonhar os que ainda sustentam as grosserias, a irresponsabilidade e os arroubos autoritários de Bolsonaro. Neste mesmo jornal, uma larga matéria mostrou como o Uruguai está enfrentando a pandemia, com índices de contaminação que nos fazem morrer de inveja. Infelizmente, morremos não apenas no sentido figurado neste caso.
E o que nossos vizinhos fazem para enfrentar com eficácia os efeitos destrutivos desta doença? Basicamente, assumiram uma conduta coerente com a ciência, exercitam diálogo social e político, investem em informação e mantêm estruturas transparentes de gestão da doença. Em tudo oposto, portanto, ao que fez e faz Bolsonaro: zero de diálogo, incentivo a fake news, agressividade constante contra governadores, prefeitos e membros dos outros poderes e desrespeito e desprezo à ciência e às vítimas.
O vídeo da reunião ministerial nos mostrou isso e muito mais. No meio de uma pandemia que mata milhares de brasileiros, reúnem-se para disseminar ódio e discutir formas de instrumentalizar as instituições do Estado. Os palavrões são o menor problema, embora a violência linguística, neste caso, evidencie um tipo psíquico propenso às formas violentas de exercício do poder. Isso, aliás, comprovado pela defesa do armamento dos seus apoiadores e pela obsessão em controlar a PF.
Mas não foi apenas Bolsonaro. As falas de Guedes, Salles, Weintraub e Damares, principalmente, sintetizam um governo que age para destruir a democracia e impor uma ordem dos intolerantes e dos cínicos, que querem apenas espoliar o povo e fazer retroceder o legado de direitos humanos, ambientais, econômicos e sociais que conquistamos nestas últimas décadas, durante os governos FHC, Lula e Dilma. É preciso parar estas tragédias. Para derrotar a covid-19 será necessário tirar Bolsonaro do caminho.