domingo, 24 novembro
Foto: Divulgação UFRGS

“A crise atual é a mais grave do que qualquer outra, porque combina uma crise sanitária mundial, a maior da modernidade, pelo menos tomando sua extensão geográfica, com um desgoverno, que além de colocar as instituições democráticas em xeque, característica que divide com todas as outras, está colocando a saúde e a vida da população em alto risco”, afirma a professora Emérita da UFRGS Céli Pinto.

Uma das intelectuais que assinou o Manifesto “O BRASIL NÃO PODE SER DESTRUÍDO POR BOLSONARO”, Céli considera o atual momento o mais complexo desde o fim do Estado Novo, comparando, inclusive, com os períodos após a morte de Getúlio Vargas e o Golpe de Estado de 1964. “O epicentro desta crise é o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, e seu mais próximo grupo de apoiadores, que se colocam contra as medidas prescritas pela OMS adotadas pela quase totalidade dos países do mundo, contra as evidências científicas, contra as medidas de afastamento social tomadas por governadores e prefeitos.”

Segundo a revista britânica The Economist, a postura negacionista de Bolsonaro é acompanhada por outros três presidentes: do Turcomenistão, da Bielorrússia e da Nicarágua. Nem mesmo Donald Trump, o caricato presidente americano que é referência para o brasileiro, sustentou por muito tempo a tese que minimizava a gravidade da pandemia.

O professor de Relações Internacionais Marco Cepik também está entre os intelectuais que aderiram ao Manifesto: “Apoio o manifesto contra Bolsonaro porque a cada dia que passa seu governo criminoso e irresponsável ameaça mais a vida das pessoas. A classe trabalhadora é a mais penalizada pela covid-19 e pela crise econômica. Precisamos de medidas que fortaleçam o SUS e as instituições públicas de ciência e tecnologia. Precisamos de medidas econômicas emergenciais em defesa dos trabalhadores, muito mais efetivas do que o anunciado e não realizado até aqui. E queremos reformas que revertam o austericídio neoliberal e a predação institucional, econômica e ambiental.  A classe trabalhadora contra a covid-19 exige: chega de Bolsonaro!”

O Manifesto aponta que a postura do presidente compromete ainda mais a saúde e a economia. Para a preservação da vida, o documento sugere um Plano de Emergência Nacional. Como medida concreta está a manutenção das restrições de circulação e funcionamento das atividades econômicas com base em critérios científicos e a criação de leitos de UTI provisórios e importação massiva de testes e equipamentos de proteção para profissionais e para a população. A aplicação dos recursos extras seria financiada, conforme o documento, pela regulamentação imediata de tributos sobre grandes fortunas, lucros e dividendos; empréstimo compulsório a ser pago pelos bancos privados e utilização do Tesouro Nacional para arcar com os gastos de saúde e seguro social, além da previsão de revisão seletiva e criteriosa das renúncias fiscais, quando a economia for normalizada.

A preocupação com a saúde da população também está presente na declaração de apoio ao Manifesto do fotógrafo e professor do Instituto de Artes da UFRGS Luiz Eduardo Achutti: “Tempos de mortes não desejadas, o pior dos tempos para se ter como presidente eleito por democracia falha, devido às fake news, ao desrespeito à atividade política, por injustificado ódio ao PT, por omissão de pessoas que não entendem a política ou preferiram ficar com seus umbigos.”

Achutti ressaltou que a morte de brasileiros nunca preocupou Bolsonaro, que, quando ainda era deputado, havia dito que a Ditadura Militar deveria ter matado muito mais gente no Brasil, além de ter citado o torturador Brilhante Ustra no seu voto pelo impeachment de Dilma Rousseff. “Esse que hoje nos aterroriza, falava sobre morte com desenvoltura e gosto. Os ‘operadores’ do neoliberalismo ao cubo, iniciadores da necro política pagaram para ver e agora estamos todos muito mal. Tempos de mortes por doença, desemprego/depressão e fome, pior dos tempos para sermos torturados como Nação – vendida aos pedaços baratos aos donos do capital financeiro internacional. Estou e estarei sempre do lado daqueles que defendem e festejam a vida, de todos que, sendo em quarentena ou fora dela, defendem essa enorme casa que já foi a nossa casa – Brasil.”

Também constam entre os apoiadores do Manifesto:

Maria Beatriz Luce – professora da UFRGS e ex-reitora da Unipampa

Alcides Miranda – professor (Enfermagem UFRGS)

Maria Helena Webber – professora e pesquisadora (Comunicação da UFRGS)

Claudia Wasserman – professora (História UFRGS)

José Vicente Tavares – Diretor do Instituto Latino Americano da UFRGS

Benedito Tadeu César – professor (Ciência Política UFRGS)

Em função do expressivo apoio de professores ao Manifesto, os organizadores do documento entendem a importância de incluir nos itens a defesa da ciência e da universidade pública.

Fonte: Brasil de Fato RS

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