quarta-feira, 27 novembro
Foto Mauro Mello

O deputado Fernando Marroni utilizou uma declaração de liderança em nome da bancada do PT, na sessão plenária da Assembleia Legislativa desta quarta-feira (12) para criticar a fala do ministro da economia, Paulo Guedes, que na última sexta-feira comparou funcionários públicos a “parasitas” ao comentar as reformas administrativas pretendidas pelo governo federal. Marroni, observou que esse descaso com os serviços públicos no governo federal é copiado e reproduzido também no Rio Grande do Sul pelo governo Eduardo Leite.

Para Marroni, a declaração de Paulo Guedes é ofensiva e é muito grave por vir de uma autoridade, capaz de formular e apresentar propostas para o futuro. “Se tivesse sido falado em um boteco, todos esqueceríamos, mas veio do responsável por apresentar propostas para o futuro. Ele atribuiu aos servidores a palavra parasita, que é aquele que se gruda ao hospedeiro, chupa-lhe o sangue, matando a vaca. “Ele fala de professores, policiais, bombeiros, servidores da burocracia, do judiciário, do Ministério Público da Defensoria Pública e mente porque diz que 90% do orçamento é consumido em pessoal. “Pode um país com uma autoridade econômica dizer uma barbaridade dessas?”, indaga.

Marroni entende que o que está acontecendo tanto no governo federal quanto no estadual, é a demonização dos servidores públicos. “É a onda que diz que ‘para que o país cresça e se desenvolva é preciso acabar com o setor o público. Não estamos falando aqui daqueles que ganham 200 mil, que são marajás. A atitude do governo foi de dizer que quem está acima do teto terá um imposto, mas não é capaz de dizer que ninguém vai ganhar acima do teto”, critica.

O deputado também chamou a atenção para a falácia do discurso de Guedes que utiliza números inverídicos. “Diz que os servidores são culpados pela crise do país. A maioria da população não entende muito de orçamento, mas de percentual todos entendem porque há bem poucos dias atrás quando se tratava da reforma da previdência se dizia que 50% do orçamento ia para a previdência social. Ora, somando-se isso aos 90% que vão para os servidores. 25% na educação, 15% na saúde, então essa conta não fecha. É uma conta mentirosa de quem quer demonizar os serviços públicos.“

Juros e encargos da dívida é maior que a folha de pagamento de 12 milhões de servidores

O deputado Fernando Marroni voltou à tribuna na sessão plenária desta quarta-feira para defender os servidores públicos e o serviço público, indispensável especialmente para a população de baixa renda. De acordo com o parlamentar, no Brasil 12% da população economicamente ativa é servidor público. Essa parcela da população é responsável pelo atendimento de 50 milhões de pessoas e seus salários somam R$ 700 bilhões por ano e, por isso estão sendo considerados pelo governo, os “demônios da economia”. “Conforme o ministro Paulo Guedes, os servidores impedem o crescimento e são responsáveis pela crise, enquanto isso fechas os olhos para R$ 1 trilhão que pagamos para juros e encargos a serviço da dívida”, disparou, comparando que a dívida é tão impagável quanto a de um trabalhador que compra uma Televisão por R$ 1 mil, mas se deixa de pagar uma parcela por algum tempo, quando vai pagar a dívida está em R$ 40 mil.

Marroni também rebateu o argumento de que os servidores são onerosos, comparando o Brasil com países desenvolvidos. “Não é possível olhar para a Austrália, país mais neoliberal do mundo e com 15% de funcionário público, Inglaterra, 25%, a Suécia com 30% e a Dinamarca e Noruega, com 35% de servidores públicos, mas no Brasil dizem que não podemos ter serviços públicos”, ponderou. O parlamentar argumentou que estamos diante de um discurso que não resiste à realidade, pois não é verdade que uma sociedade não se desenvolve se tiver serviços prestados, porque se não o que seria de países como a Suécia e Dinamarca. “Não é verdade que 90% do orçamento é consumido em folha de pagamento, não é verdade que a folha no estado representa 70% do orçamento. Mas tudo isso está gravado, dito pelo governador e pelo ministro da economia”, afirmou acrescentando que em um ano de governo Eduardo leite e 5.700 professores e 300 policiais a menos. “e vêm aqui dizer que vão investir em educação e saúde?”.

Texto: Claiton Stumpf (MTB 9747)

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