sábado, 23 novembro
Foto Joaquim Moura

A recente manifestação do companheiro Tarso Genro ao portal UOL dizendo que não tinha motivos para ir à festa de 40 anos do Partido dos Trabalhadores teve grande repercussão. Embora o ex-governador não deva ser execrado por manifestar o que pensa; pode, sim, ser contestado na sua visão.
Apesar de concordar com a maioria das avaliações a respeito do PT e aplaudir a admissão de culpa de Tarso na ocasião em que retirou Olívio, por prévia interna, da possibilidade de concorrer à reeleição ao governo gaúcho, penso que ele foi infeliz na escolha da manchete.
No Brasil todo estão ocorrendo festas em celebração a mais este aniversário do Partido. A militância, que sustenta o PT em cada espaço de lutas, merece e tem motivos para comemorar. Isso não é contraditório com uma autocrítica necessária e um planejamento futuro.
Aniversários celebram a vida. Neste caso, o aniversariante é coletivo. São milhares de vidas que fazem desta uma instituição partidária sem precedentes na história brasileira. E vindas de diversas vertentes: sindical, movimentos populares do campo e das cidades, estudantil; comunidades eclesiais de base, intelectualidade, artistas e vários segmentos uníssonos na contrariedade com os arranjos das elites.
O PT mudou vidas antes mesmo de ocupar espaços na institucionalidade. A cada curso de formação, reunião e movimento de rua, as pessoas cresciam intelectualmente e fortaleciam laços de solidariedade. Ao ampliarem estudos, compreendiam a necessidade de centrar esforços na mudança das estruturas sociais.
Nos parlamentos e nos executivos, a sigla deu sua contribuição à melhoria da vida do povo, mesmo sob protestos, agressões verbais e físicas de membros das elites. Muitas lideranças foram presas, torturadas e mortas.
A partir de 2003, catalisou-se em nível nacional todo acúmulo programático em favor do povo trabalhador e, com a habilidade de Luiz Inácio Lula da Silva, as prioridades da União foram sendo mudadas, o que garantiu ao projeto quatro vitórias consecutivas em eleições diretas.
Mas a fortaleza não era tão forte: derrubaram Dilma com a narrativa de que o PT era corrupto e de que havia quebrado o país.
Qualquer outra organização política que sofresse ataques midiáticos sistemáticos há mais de 15 anos, certamente já teria sucumbido. Já o PT continua sendo a segunda principal força no país. O professor Fernando Haddad concorreu e foi para o segundo turno contra Bolsonaro, apesar de Lula estar preso, acusado de corrupção.
Concomitante à organização e fortalecimento do PT para seguir resistindo ao projeto nefasto que Bolsonaro está implantando no Brasil, é preciso avaliar nossos erros, nos reinventar no método e assim atrair novos filiados e filiadas, sobretudo da juventude.
Todas as instâncias partidárias têm de estar abertas à criticidade e receptivas às inovações. Cada dirigente tem de usar as redes sociais para dialogar com mais pessoas sobre nosso legado e, principalmente o que defendemos no presente momento de crise, desemprego e destruição das políticas públicas.
Por estas e outras razões, aproveito o aniversário de 40 anos do meu partido para refletir sobre o passado, avaliar o presente e prospectar o futuro. Espero que haja muita festa para comemorar nossas conquistas e nos energizar para a boa política. E que todos e todas estejam lá.

 

Jeferson Fernandes – Deputado Estadual PT RS

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