terça-feira, 26 novembro

Episódio foi motivo de debate durante reunião na ALRS; Um pedido de audiência com o comando estadual da Brigada Militar será encaminhado

Foto Joaquim Moura

O caso de agressão de policiais a dois jovens durante abordagem em Pelotas na última sexta-feira (29) foi tema de discussão na reunião ordinária desta terça-feira (3) da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia na Assembleia Legislativa do Estado. A Comissão vai encaminhar um ofício solicitando audiência com o comando estadual da Brigada Militar para demonstrar preocupação com o episódio.

A abordagem violenta foi registrada por uma câmera de segurança de uma residência no bairro Areal. A viatura da BM para a moto dos jovens, ambos de 18 anos, que descem e colocam as mãos para cima. Em seguida os jovens são agredidos com chutes e socos por dois policiais armados. A dupla teve os documentos verificados e foi liberada. O comando do 4º Batalhão de Polícia Militar instaurou Inquérito Policial Militar para apurar a conduta dos servidores, já afastados do patrulhamento ostensivo.

O tema foi levado à Comissão pelo deputado estadual Fernando Marroni (PT). “Não há nenhuma justificativa para uma ação dessa natureza. Nós precisamos ter confiança nos agentes de segurança para a proteção dos cidadãos, não medo”, disse o parlamentar. Marroni (PT) pediu que a Comissão elabore uma moção ao governador Eduardo Leite “para mudar esse modus operandi que tem se manifestado em episódios absolutamente lamentáveis”.

Sebastião Melo (MDB) concordou com o encaminhamento de Marroni, mas fez ressalvas durante a discussão. “Essa não é a regra da Brigada Militar. Qualquer instituição pode ter suas exceções e elas devem ser corrigidas”, lembrou. Marroni (PT) respondeu o deputado. “Conheço o comandante Facin (tenente-coronel Márcio André Facin, responsável pela Unidade de Pelotas). Ele trata de direitos humanos como poucos dentro da Brigada Militar. Mas esses episódios que aconteceram em Pelotas são inexplicáveis”, disse, relembrando o caso de agressão policial a estudantes universitários em festa de rua e a morte do empresário Mauro da Costa Lopes, baleado na cabeça em outubro após, supostamente, não parar em uma barreira policial da BM.

“Há um padrão sim. Nós recebemos na Comissão de Direitos Humanos um episódio muito similar aqui em Porto Alegre”, relatou a deputada Luciana Genro (PSOL), ao reiterar a necessidade de uma reunião com o comando da Brigada para tratar da preocupação da população acerca dos acontecimentos.

A presidente da Comissão, deputada Sofia Cavedon (PT) sugeriu que exista um protocolo para atuação do policiamento em festas de rua organizadas por jovens e universitários. Já o deputado Gaúcho da Geral (PSD) lembrou que a abordagem policial em jogos de futebol também precisa ser discutida. “Tem que existir uma preparação melhor para os dias de jogos”, comentou.

Texto: Laura Marques

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