Professores e estudantes de diferentes escolas estaduais compareceram na reunião da Comissão de Educação da ALERGS, no ponto de assuntos gerais, para manifestar sua contrariedade com o pacote encaminhado pelo governo Eduardo Leite. Presidida pela deputada estadual Sofia Cavedon (PT), a comissão abriu espaço de escuta das preocupações trazidas pelas escolas.
Em nome dos colegas da Escola Tom Jobim, da Fase, a professora Magali Giordani desabafou: “Desde semana passada estamos todos de braços cruzados, debruçados em cima deste projeto e estamos apavorados. Achata o nosso salário e acaba com o plano de carreira. A retirada do difícil acesso nos atinge em cheio. Esse projeto vai acabar não só com a nossa carreira mas com a escola pública”. Ela informou que ainda esta semana será protocolado um estudo realizado pelos professores da escola, analisando ponto a ponto do projeto do governo e o impacto na educação.
Estudantes da Escola Parobé também foram ouvidos através da manifestação do colega Pedro: “Estudantes e professores tem a mesma causa: educação de qualidade. É muito triste ouvir o relato de nossos professores que estão pensando em deixar seu cargo e buscar outra alternativa profissional. Hoje é um dia de praticarmos empatia com professores e servidores. Esta é a quarta vez que saímos da escola para defender a educação pública. O projeto apresentado pelo governo é um projeto de morte de sonhos, de carreiras, do futuro dos professores”.
A presidente da Umespa (União Municipal dos Estudantes), Vitória Cabreira, retratou a luta diária das escolas pela qualidade de ensino. Citou o grande número de escolas que não tem laboratório de informática ou de ciências, não tem quadra de esportes coberta, biblioteca e refeitórios. “Como ter qualidade de ensino assim?”, questionou. Para a estudante, o governo apresenta este pacote no final do ano para jogar estudantes e pais contra os professores. “Estou aqui para dizer que a comunidade escolar está unida na defesa da educação e que os estudantes apoiam os professores”.
A deputada Sofia Cavedon esclareceu que o Plano de Carreira está vinculado a uma proposta pedagógica de formação continuada dos professores “por isso tem questões como o difícil acesso que podem ser discutidas, mas o governo não dialoga. O Plano de Carreira não é o problema, e não se paga o piso tirando o plano de carreira” afirmou ressaltando que governos pagaram o piso para mais de 70% dos professores, sem mexer em direitos. “Mas a partir do governo passado, o magistério não tem reajuste, tem salários parcelados, num contínuo ataque que se agrava com o pacote da morte”.
Sofia enfatizou ainda que as escolas hoje estão sem equipes pedagógicas para que promovam a criação de conhecimento. “Hoje não se tem proposta de educação de qualidade e o governador deveria tirar o regime de urgência para votação do pacote, pois o plano de carreira do magistério é complexo e deveria ser melhor debatido. “Os professores querem o direito de debater ponto por ponto as propostas de Leite e querem apresentar as suas, mas não há diálogo por parte do governo”.
PROJETO
Estudantes da Escola Cândido Godoi, que participaram recentemente de um projeto pedagógico sobre participação e cidadania, compareceram à Comissão para apresentar documento síntese dos debates estudos realizados na escola. O estudante Pedro dos Santos leu o documento, que aponta a falta de funcionários de escola, de cantina e biblioteca. De acordo com o professor Régis Coimbra, que acompanhou a turma, o projeto de trazer os alunos à comissão é importante para que os estudantes tenham contato com a diversidade de opiniões. O projeto foi elaborado pela estudante de Pedagogia Julia Neves, da UFRGS, que fez seu estágio obrigatório na Comissão de Educação da ALERGS.
Texto: Eliane Silveira (MTE 7193)