Das quatro áreas ofertadas 2 não tiveram propostas (Sépia e Atapu) e 2 foram arrematadas pela Petrobras (Búzios e Itapu) sem ágio. Em Búzios, área mais valorizada do leilão, a Petrobras entrou com 90%, consorciada com duas estatais chinesas, com 5% cada.
Das estrangeiras, a maioria das 12 credenciadas não apareceu no leilão. Apenas as estatais chinesas CNODC e CNOOC se aventuraram, mesmo assim com participações pequenas, de 5%.
Foram arrecadados R$ 70 bilhões, R$ 36 bilhões a menos do que os R$ 106 bilhões esperados pelo governo.
Mas, como é o caso ultimamente, o que foi ruim para o governo acabou sendo bom para o país. Basicamente o Pré-Sal continua com a Petrobrás. Isso significa que o Estado mantém o controle da produção e o fomento à indústria e a maior produtividade do trabalho que vem de lá. Em outras palavras, o petróleo do Pré-Sal continua sendo um ativo da Petrobras e em última instância do Brasil. Isso será muito importante para quando a empresa voltar a se comportar como estatal e ter o papel que lhe cabe num projeto de desenvolvimento nacional.
Por que nenhuma empresa privada sequer apresentou proposta?.
1) Os custos para desenvolver a tecnologia para extrair o petróleo em grandes profundidades de mar e de solo, como é o caso do Pré-Sal, mais os valores do leilão não compensam a receita futura (o cálculo privado volta-se sempre para os balanços de curto prazo);
2) Quem tem mais informação tem vantagens nos leilões, quem tem menos informação tende a perder (perder = lucro esperado zero).
A Petrobras já tem a tecnologia para esse tipo de extração, desenvolvida ao longo de décadas e com grandes investimentos. Foram justamente esses investimentos que permitiram à empresa ter mais informações sobre o potencial dos campos e seus custos de exploração. Ao contrário das multinacionais detentoras de concessões, que não fizeram investimentos para não correr riscos.
Enfim, perde o governo Bolsonaro e ganha o Brasil e aqueles que acreditam num projeto de Nação mais justo e igualitário, pois esses ativos do Pré-Sal serão incorporados ao patrimônio da companhia.
Jorge Ussan, economista