sábado, 23 novembro
Foto Joaquim Moura

A deputada Sofia Cavedon (PT) antecipou em uma semana as homenagens da Assembleia Legislativa ao Dia do Professor, comemorado em 15 de outubro. No Grande Expediente desta terça-feira (8), a parlamentar falou sobre as dificuldades enfrentadas pela categoria e os desafios que têm pela frente, além de defender que o melhor presente para os professores é “respeito e investimento na educação”. “O mês consagrado à educação e às crianças terá que ser, mais do que nunca, mês de luta diante de governos que impõem rupturas na expansão do acesso e qualificação progressiva que vinha ocorrendo no Brasil a partir do Plano Nacional de Educação”, conclamou.

Sofia afirmou que, para se adequar à emenda constitucional que congelou os gastos sociais por 20 anos, os governos cortam recursos da educação e desprestigiam a escola pública, questionando seus resultados e apontando soluções na iniciativa privada. O Rio Grande do Sul, segundo ela, além de pagar os piores salários do Brasil fecha escolas, bibliotecas e turmas e retira, sumariamente, das listas de chamadas os alunos com mais de 18 anos. “A educação no nosso Estado está sendo reduzida à régua, sem levar em conta qualquer subjetividade. Desumaniza-se o processo e rompem-se, como quando trocam professores no final do ano letivo da forma como aconteceu no Julinho, colégio que abrigou nomes como Barbosa Lessa, Leonel Brizola, Moacyr Scliar, Paulo Brossard, Paixão Côrtes e Walmor Chagas”, denunciou.

A petista declarou ainda que os professores gaúchos estão sendo feitos de joguetes pelas coordenadorias de educação, que reduzem cargas horárias, alteram turmas, locais de trabalho e grade curricular a qualquer momento. “Triste façanha a nossa. Será que o governador não sabe que dia 15 é o Dia do Professor e da Professora? Ou é descuido ou ele age com requintes de crueldade pagando, dentro do mais longo parcelamento de salários, a primeira parcela dos vencimentos dos professores justamente no dia 15”, apontou.

A parlamentar afirmou também que todos os países que “deram a virada na educação” apostaram na formação de professores e na pesquisa, como acontece na Finlândia, cujos professores das escolas básicas têm mestrado, e Cingapura, que lidera rankings internacionais de qualidade de ensino. “No Brasil, no entanto, estimula-se os alunos a denunciarem os professores, ataca-se as carreiras, extingue-se direitos e ignora-se a pesquisa” elencou, lembrando que, ao mesmo tempo em que sucateiam a educação nacional, os governantes buscam fora do País alternativas privadas.

A petista criticou ainda as chamadas escolas cívico-militares, propostas pelo governo federal. Para ela, o modelo “não passa de laranja de amostra”, cujos recursos extras, cerca de um milhão de reais para cada unidade, serão usados apenas para o pagamento de tutores militares. Ela acredita que este modelo poderá, inclusive, aumentar a evasão, na medida em que impõem regras que não estão em consonância com a democracia e a liberdade.

Sofia encerrou seu pronunciamento ressaltando que “não basta fazer discurso em homenagem aos educadores, mas que é preciso tratar os professores como os demais profissionais”. “Hoje, o professor é tratado como cidadão de segunda categoria, não tendo condições de trabalho, sendo alvo de assédio e sofrendo, de forma perversa, alterações em seu regime de trabalho a qualquer momento. A valorização pode começar hoje mesmo com a rejeição do projeto de lei que acaba com a licença capacitação”, conclamou.

Os deputados Zé Nunes (PT), Luciana Genro (PSOL), Tenente-coronel Zucco (PSL), Fran Somensi (PR), Issur Koch (PP) e Sebastião Melo (MDB) se pronunciaram por meio de apartes.

Fonte: Agência de Notícias ALRS

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