A situação da estrutura e serviços prestados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) no Rio Grande do Sul e as consequências aos trabalhadores de uma possível privatização da empresa – já anunciada pelo governo Bolsonaro -, será tema de audiência pública na próxima segunda-feira, 9, às 18h30, no Plenarinho da Assembleia Legislativa.
A atividade é uma realização conjunta, unindo as propostas apresentadas pelos deputados Valdeci Oliveira (PT) e Luciana Genro (Psol) e conta com o apoio do mandato federal da deputada Maria do Rosário (PT), que também tem atuado em defesa da empresa pública. “Este é um tema muito importante para a sociedade gaúcha e brasileira, pois, diante do que já foi anunciado pelo governo federal, os Correios correm um sério risco de terem suas atividades transferidas para a iniciativa privada, o que iria gerar uma grande insegurança. As empresas privadas não têm interesse em atuar em regiões onde o lucro é pequeno ou até mesmo inexistente. Esse compromisso somente os Correios têm com a população”, avalia o deputado.
Segundo Valdeci, estudo oficial realizado pela própria ECT indica que, dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros, apenas 324 têm operações logísticas superavitárias. “Nenhuma empresa privada faz isso, ou, se faz, cobra valores exorbitantes pela operação. Alguém acredita que, em se tratando de um negócio privado, cujo principal objetivo é a maximização do lucro, as correspondências, vacinas e remédios serão entregues em regiões remotas e de difícil acesso no país?”, questiona Valdeci.
Entre os diversos pontos que deverão entrar em debate durante a audiência pública, um diz respeito às fake news plantadas na imprensa e nas redes sociais, cujo único objetivo é o desgaste da imagem dos Correios perante a opinião pública. “Afirmar que os Correios são deficitários é uma das grandes mentiras espalhadas com o intuito de manipular e incutir na cabeça das pessoas de que a privatização é fundamental e necessária. A ECT é uma empresa independente do Tesouro Nacional e parte do seu lucro é repassado para o governo. Se há algum acúmulo de prejuízo na empresa é justamente porque o governo retirou mais de R$ 6 bi de seu caixa para fazer o tal superávit primário das contas públicas e ainda não devolveu um único centavo ao seu caixa”, explica Valdeci.
Segundo o deputado, o encontro será a oportunidade de desmentir outra falácia que vem sendo muito difundida: a de que os Correios detém o monopólio do serviço de entregas no Brasil. “Isso simplesmente não existe. Hoje operam no país mais de 20 empresas neste segmento. O que querem é tirar dos Correios as operações lucrativas e deixar somente àquelas que não interessam ao setor privado. Será mais um prejuízo ao povo brasileiro, que vem sendo enganado cotidianamente com a falsa premissa de que tem de privatizar tudo no país”, opina.
CONVIDADOS – Serão convidados para participar dos debates representantes da Federação Nacional dos Trabalhadores das Empresas dos Correios e Telégrafos (FENTECT), do Sindicato dos Trabalhadores as Empresas dos Correios e Telégrafos de Santa Maria (SINTECT), CUT, Ministério Público do Trabalho/RS, integrantes da bancada federal na Câmara dos Deputados e no Senado, EBC, Federação das Associações de Municípios do RS (FAMURS), União dos Vereadores do RS (UVERGS), Federação Interestadual dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (FINDECT) e Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP), entre outros.
Texto: Marcelo Antunes (MTE 8.511)