Comissão Especial sobre Previdência Pública aprova relatório com dez recomendações

Comissão Especial sobre Previdência Pública aprova relatório com dez recomendações
Crédito de Marcelo Antunes

Com dez recomendações destacadas, foi aprovado no início da tarde desta terça-feira (6), na Assembleia Legislativa gaúcha, o relatório final da Comissão Especial, presidida pelo deputado Pepe Vargas (PT), destinada a debater a Previdência Pública. Instalada no início de abril, os trabalhos chegam ao final depois de realizadas diversas reuniões e audiências públicas nas principais regiões do estado. Em Santa Maria o encontro foi realizado no final do mês de maio na Câmara de Vereadores. “Foi um trabalho muito produtivo, com discussões transparentes e com a participação da sociedade civil organizada. O que constatamos nesse período é que essa conta, se é que existe, não pode ser colocada sobre os ombros dos trabalhadores e trabalhadoras, principalmente dos mais pobres, como quer o governo Bolsonaro”, afirma o deputado Valdeci Oliveira, membro efetivo da Comissão e que votou favoravelmente às indicações do documento. O questionamento de Valdeci se refere, principalmente, ao perfil das aposentadorias e benefícios pagos hoje pela Previdência Social. “Como é que alguém, que trabalhou uma vida inteira e que hoje recebe em média pouco mais R$ 1.300 pode ser responsabilizada por um déficit que, sabemos, é fruto das desonerações fiscais às empresas, das fraudes, da inadimplência do setor privado e das desvinculações que fazem com que o governo federal retire recursos para outros fins”, indaga o parlamentar.

Segundo o relatório aprovado, elaborado pelo deputado Elton Weber (PSB), a Previdência Social constitui-se como um importante instrumento de seguridade social e de distribuição de renda e, somente o Regime Geral, em dezembro passado, contabilizou 30,2 milhões de benefícios, ou seja, atende mais de 14% da população brasileira.

Entre as recomendações aprovadas, considerando que a proposta (PEC 6) ainda depende de aprovação em segundo turno, está o posicionamento contrário à retirada das regras previdenciárias da Constituição federal, a defesa do princípio da contribuição progressiva, a manutenção de aposentadorias especiais a trabalhadores rurais, professores e pessoas com deficiência e aquelas expostas a agentes nocivos à saúde e a trabalho periculoso. “Também nos posicionamos contrários a criação de um regime de capitalização individual como opção ao regime de repartição simples, como deseja o governo, visto que esse modelo, implementado no Chile durante a ditadura Pinochet, e que de certa forma contou com a participação do atual ministro da Economia Paulo Guedes, implementou e consolidou, na prática, a pobreza junto aos aposentados daquele país. Não nos esqueçamos que o Chile tem um dos maiores índices de suicídio da América Latina junto aos idosos aposentados. Não queremos isso para o nosso povo”, lembrou Valdeci.

O relatório também recomenda a manutenção da atual regra de cálculo dos benefícios de aposentadoria que leva em conta a média das 80% maiores contribuições e não a média de todos os recolhimentos como foi aprovado pela Câmara Federal em primeiro turno. “Se ficar como quer o governo Bolsonaro, as pessoas vão receber ainda menos do que têm direito hoje, o que já é pouco. Será um verdadeiro crime contra, principalmente, os pobres”, avalia Valdeci, que destaca a necessidade de um outro padrão de financiamento para o sistema. “O custeio deve ser feito e encarado de frente por meio de novas fontes de recursos, as quais devem, principalmente, serem oriundas dos segmentos que estão no topo da nossa pirâmide social e que muitas vezes são isentos de impostos. A taxação das grandes fortunas, que já é uma realidade em diversos países do mundo, tem de deixar de ser um tabu no Brasil”, assinala Valdeci.

Com a aprovação, o relatório agora será encaminhado ao Congresso Nacional.

Texto: Marcelo Antunes (MTE 8.511)