sábado, 23 novembro
Crédito Leandro Molina

O deputado estadual Edegar Pretto (PT) integrou comitiva que esteve reunida com o governador Eduardo Leite (PSDB), nesta segunda-feira (15), no Palácio Piratini. Na reunião, representantes de associações que produzem uva, vinho, maçãs, azeitonas, erva-mate e mel, entregaram documento pedindo a imediata suspenção do uso e venda do herbicida 2,4-D no Rio Grande do Sul.

O argumento apresentado é que a aplicação indiscriminada do produto em lavouras de soja, nas diversas regiões do estado, causa prejuízos financeiros e danos irreparáveis ao ambiente, como a morte de abelhas e grandes danos em parreirais e pomares. “O vento não respeita cerca. Ao ser usado sem controle nas lavouras ocorre a deriva do 2,4-D, e o produto vai muito mais longe do local onde é aplicado”, alerta o deputado Ededar Pretto.

Outro ponto criticado pelas associações ligadas às culturas impactadas é que as instruções normativas publicadas dia 5 de julho pelo governo gaúcho, e que estabelecem novas regras para aplicação de agrotóxicos hormonais, como o herbicida 2,4-D, no Rio Grande do Sul, não resolvem o problema da deriva.

Conforme o documento entregue ao governador, as medidas apresentadas pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), que tratam de data limite e declaração para o produtor rural que aplica agrotóxicos, bem como a inscrição de aplicadores capacitados no Cadastro Estadual de Aplicadores de Agrotóxicos, deixam brechas para o uso indiscriminado do herbicida 2,4-D.

As instruções normativas foram produzidas pela equipe técnica da Secretaria da Agricultura, em conjunto com entidades participantes do grupo de trabalho criado para discutir o tema. As normas estabelecem a criação de um cadastro de aplicadores, declaração de aplicação por parte dos produtores rurais e declaração do termo de conhecimento de risco e de responsabilidade.

Os produtores sugerem outras medidas e ações que incluam atenção com as culturas sensíveis. “Enquanto não houver definição de curto prazo que resolva o problema os prejuízos financeiros aumentam. Por isso solicitamos a suspensão imediata, mesmo que temporária, do 2,4-D”, defende Valter José Pötter, produtor de vinho da Região da Campanha gaúcha que participou da reunião e entregou o documento ao governador.

João Minuzzi, presidente da Cooperativa Agrária São José, do município de Jaguari, conta que o uso indiscriminado do 2,4-D em lavouras de soja atingiu praticamente todos os produtores de uva e vinho da região. Segundo ele, os produtores contabilizaram uma quebra de 60% na última safra. Isso representou um prejuízo em cerca de R$ 1 milhão. “Além do prejuízo financeiro e queda na produção há perda de 30% das videiras. Com tudo isso somado, a cooperativa é obrigada a aumentar preços e buscar produtos fora para manter a produção e compromissos”, lamenta.

O governador Eduardo Leite, acompanhado dos secretários Covatti Filho, da Agricultura; e Regina Becker Fortunati, de Trabalho e Assistência Social, recebeu o documento e disse que irá submeter o pedido ao grupo de trabalho constituído para tratar do assunto. A partir disso, se comprometeu a dar resposta com a maior brevidade possível.

Participaram da reunião o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Luis Augusto Lara (PTB); deputada Zilá Breitenbach (PSDB); promotor Alexandre Saltz; prefeitos de Jaguari e Hulha Negra, representantes do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin); Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho); Instituto Brasileiro da Olivicultura (Ibraoliva); Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi); Associação de Apicultores; Associação dos Produtores de Vinho da Campanha; Cooperativa Agrária São José; Universidade Federal do Pampa (Unipampa); e produtores de erva-mate.

Texto: Leandro Molina (MTE 14614)

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