Parlamentares veem risco para a pesquisa agropecuária gaúcha

Parlamentares veem risco para a pesquisa agropecuária gaúcha

Extinção da Fepagro impossibilita captação de recursos externos.

Crédito Alexandre Halls

 

Em visita realizada nesta quarta-feira (12) ao Instituto de Pesquisas Veterinárias “Desidério Finamor”, o maior centro de pesquisas agropecuárias do estado, os deputados Luiz Fernando Mainardi (PT) e Luciana Genro (PSol) verificaram o status atual dos trabalhos que eram desenvolvidos pela Fundação de Pesquisas Agropecuárias do estado, a Fepagro. A Fundação foi extinta em 2016 e suas funções foram repassadas para a Secretaria da Agricultura.

Para os deputados de oposição, é evidente que a realidade atual do Instituto pode colocar em risco a pesquisa científica realizada ali. “Percebemos um esforço dos servidores, que continuam realizando o seu trabalho de pesquisas e de exames, mas está claro que a situação organizacional confusa em que se encontram, atrapalha muito o dia-a-dia da instituição e pode colocar em risco a continuidade dos trabalhos científicos”, reconhece o deputado Mainardi.

A mesma impressão é relatada pela deputada Luciana Genro. Para ela, a nova estrutura dificulta a captação de recursos externos e colocou os servidores da antiga Fapergs em um “limbo” funcional. “Houve uma perda de autonomia para a realização de contratos com financiadores externos. Isso impede a ampliação dos estudos e praticamente compromete a evolução da pesquisa agropecuária no estado”, diz.

Sem recursos públicos

A impressão dos deputados é ratificada pelo diretor da Pós Graduação em Saúde Animal, José Reck. A pós-graduação é oferecida pelo Instituto para profissionais de várias áreas, oriundos de diferentes universidades do estado, e já formou cerca de 20 profissionais. Atualmente, são 49 mestrandos, que produzem pesquisas totalmente financiadas por instituições externas, privadas e públicas.

Segundo Reck, desde 2017, o Instituto não conta com aportes do governo do estado. Conforme material entregue para os deputados, a extinção da Fepagro impactou fortemente na captação de recursos. Com a nova formatação do Instituto, que agora está ligado à administração direta do estado, é impossível a arrecadação de recursos diretamente e tudo passa pelo Caixa Único.

Em 2018, o Instituto de Pesquisas Veterinárias realizou 47 mil testes de zoonoses e atendeu 320 municípios do estado. Com 22 pesquisadores ativos, sete técnicos em pesquisa e outros 12 servidores, a instituição de pesquisa desenvolve, atualmente, 47 projetos, tendo captado de fontes externas R$ 8,3 milhões nos últimos cinco anos, recursos que estão custeando as investigações em curso.

Relatório

Luciana e Mainardi estão fazendo um circuito de visitas às Fundações extintas por Sartori e pretendem apresentar um relatório dessas visitas para a sociedade gaúcha e para o governador. “Parece-nos que é possível impedir que serviços importantes para o estado desenvolvidos pelas antigas Fundações sejam extintos. Entendemos que o governador Leite sinalizou uma abordagem diferente da de Sartori em relação a isso nas eleições. Chegou a hora de mostrar o que quer fazer”, sugere a deputada Luciana Genro.

Já para o líder da bancada petista, Luiz Fernando Mainardi, que foi secretário da agricultura no governo de Tarso Genro, a Fepagro pode se pagar e ainda produzir lucro para o estado se for bem administrada. “O relato que temos é que há uma profunda desorganização em várias unidades do interior. Quando governamos, chegamos a captar R$ 52 milhões para pesquisa agropecuária. Isso é o dobro do que a Fepagro custava por ano”, relata.

A Fepagro foi a segunda Fundação extinta a ser visitada pelos deputados oposicionistas, que estiveram na FEE na semana passada e pretendem visitar outra na próxima. O relatório deve ser concluído no segundo semestre e apresentar propostas de iniciativas para a recuperação e o fortalecimento das funções e dos serviços prestados pelas antigas Fundações.

Texto: João Ferrer (MTE 8078)