O deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) cobrou responsabilidade do governo Leite em relação à autorização para a poda de árvores por concessionárias de energia. A manifestação do parlamentar ocorreu na tarde desta terça-feira (05/11), durante sessão plenária para qual o governador enviou o PL 301/2024, que trata da matéria, em regime de urgência, o que define apenas 30 dias para que seja votada.
O parlamentar ressaltou que o Projeto tem muita importância por envolver a preocupação legítima com o fornecimento de energia e com a manutenção das árvores, do ambiente natural, que fica abaixo da rede elétrica, quer seja no meio urbano ou rural. “É um problema? Obvio que é um problema. As árvores são responsáveis por 10% a 15% das interrupções no fornecimento de energia, percentual que chega a 70% quando ocorrem eventos climáticos. Mas é um problema que não pode ser resolvido em apenas 30 dias. É muito pouco tempo para análise e para o debate com a sociedade”, argumentou Jeferson, referindo-se ao fato de o PL autorizar as empresas a fazerem os cortes, sem fiscalização; e obrigar os municípios a tratarem do problema sem financiamento adequado. “Isso é um erro porque desconsidera pontos da legislação federal”, alertou.
Para o petista, autorizar a supressão de árvores pelas empresas de energia é legalizar o desmatamento sem controle ou critério. “Esse tipo de legislação é responsável pelo aumento das temperaturas no verão, pelo superaquecimento. Um dos poucos locais onde ainda restam árvores é próximo à rede de energia. Mas quem está no lugar errado, as árvores ou os fios? Precisamos de soluções inteligentes para isso”.
Jeferson entende que é preciso promover o debate com a sociedade com mais tempo. “Temos de tratar não só do corte das árvores, mas da necessidade de manejo com critérios técnicos, com parecer de órgãos ligados ao tema, ouvindo quem entende de meio ambiente. Porque o modo como é feito o corte determina o tempo de vida das árvores, o que pode levar à redução da arborização e, consequentemente, ao superaquecimento das cidades, à redução da biodiversidade, etc”, lamentou.
Por fim, o petista lembrou que o RS sofreu recentemente com consequências das enchentes e, agora, ignora a influência da destruição do meio ambiente na ocorrência dessas tragédias. “Todos os elementos contidos neste PL estão no centro da reconstrução do RS. Estamos ignorando as consequências dessas ações para a vida de gaúchos e gaúchas. Atitude responsável, nesse caso, é retirar a urgência do projeto e fazer o devido debate com quem entende de ambiente natural e quem será de fato afetado pela situação ambiental: a sociedade”, reiterou.
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Foto: Fernando Gomes/ Agência ALRS