sábado, 23 novembro
Crédito Joaquim Moura

A disponibilidade de soro antiofídico no Rio Grande do Sul foi tema da audiência pública realizada nesta quarta-feira (24), na Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa. Segundo o proponente, deputado estadual Zé Nunes (PT), é preciso aperfeiçoar o sistema de informações da Secretaria Estadual de Saúde, sobre a disponibilidade de soro, com mais transparência e agilidade, e manter os investimentos na produção de imunobiológicos. “Se a gestão do estoque continuar regionalizada, é preciso reduzir as distâncias e considerar que no verão aumentam os casos. São vários exemplos de pessoas que ficam sem acesso, Vamos encaminhar esta solicitação a Secretaria de Saúde”, defendeu.

De acordo com ele, há informações sobre a falta do soro em vários municípios. O Estado adotou a política de regionalização da logística de disponibilidade de soro. O argumento da Secretaria é o baixo estoque, algo que com a regionalização seria resolvido, mas são vários exemplos de pessoas que ficam sem acesso.

O parlamentar lembrou que no RS, o processo de extinção da Fundação Zoobotânica, fez com que o envio de veneno para a produção de soro ficasse comprometida, algo que não foi resolvido. “A parte da SEMA (que assumiu as funções da FZB) que faz a extração do veneno, precisa de investimentos e que o convênio com instituições que fabricam o soro seja renovado”, avaliou.

A chefe de epidemiologia da Secretaria Estadual de Saúde, Tani Ranieri, explicou que a distribuição nacional de soro antiofídico era um programa bastante caro, o sétimo orçamento do Ministério da Saúde. “O Rio Grande do Sul recebia em torno de 44 imunobiológicos, o que equivalia a R$ 150 milhões ao ano, por isso a necessidade de otimização nos procedimentos. Era normativa do Ministério da Saúde observar os locais com maior número de acidentes com animais peçonhentos, uma vez que não era possível manter ampolas de soro em todos os 497 municípios gaúchos”, declarou. Segundo ela, no ano passado, houve perda de R$ 1 milhão devido à inadequação de temperatura, por queda de energia elétrica ou outras razões.

A diretora de departamento da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Semai), Ana Elizabeth Carara, que coordena o Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica, apresentou um histórico da produção de soro antiofídico desde a década de 80, quando cada Estado possuía seus próprios núcleos de produção. Disse que, com o tempo, o processo tornou-se mais complexo e mais caro, a partir da criação de inúmeras leis, tanto de proteção ambiental como trabalhistas, o que resultou no fechamento de vários desses núcleos.

Panorama

No Brasil, ocorrem em média 20 mil casos de picadas de serpentes por ano. De acordo com o último relatório anual disponível – referente a 2016, publicado pelo Plantão de Emergência do Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul: dos 796 ataques por serpentes, 592 foram tratados com soro antiofídico, 3 ataques resultaram em óbito. No Rio Grande do Sul, a parte logística da distribuição do soro é feita por 19 Coordenadorias Regionais de Saúde, essas coordenadorias são responsáveis pelo encaminhamento dos soros aos hospitais de sua região.

Texto: Marcela Santos (MTE 11679)

Compartilhe