sexta-feira, 08 novembro

 

 

“Tudo que eu peço aqui é que mais nenhuma pessoa seja negligenciada”. A afirmação foi feita por Taís Zumba, moradora de Alvorada, na reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, na manhã desta quarta-feira (19) no período de assuntos gerais, espaço que ela ocupou a convite da deputada Stela Farias (PT) para relatar as condições em que se encontra o Hospital de Alvorada. Titular da Comissão, a parlamentar reivindicou que o colegiado exija da Secretaria Estadual de Saúde uma solução para os problemas na instituição de saúde.
Taís, que é massoterapeuta e técnica em estética, apresentou um vídeo com imagens da situação dramática na instituição de saúde, onde faltam medicamentos, médicos, UTI, equipamentos e até água potável. A mãe de Taís, a dona de casa, Sônia Margareth Oliveira Rodrigues, entrou no Hospital de Alvorada com infecção urinária e morreu vítima de infecção generalizada. “Minha mãe era uma pessoa diabética que precisava de cuidados e eu com o pouco conhecimento que busquei, como vocês puderam ver (no vídeo), era quem estava cuidando dela e fazendo tudo porque nem mesmo um banho eles me ajudaram a dar nela e hoje com muita dor, venho aqui pedir que encarecidamente alguém faça alguma coisa porque tem mais pessoas morrendo lá”, apelou.
Taís também relatou o descaso por parte dos gestores e de médicos do hospital. “A gente sabe que enquanto cidadãos, a gente depende do gerente e da disponibilidade de outros hospitais, mas é inadmissível que o Hospital de Alvorada, com o porte de população que a cidade tem, não tenha UTI. Minha mãe precisava de UTI, precisava ser transferida para ser melhor atendida e a médica olhou para mim e disse para mim que eu era egoísta por querer lutar pela vida da minha mãe”, relatou, emocionada, acrescentando que a mãe morreu esperando a dieta especial, oftalmologista e neurologista, entre muitas coisas que ela não obteve. “Minha mãe morreu, vítima de um sistema ‘burrocrático’ porque se há necessidade e a lei garante que o idoso seja acolhido, porque a gente tem em Alvorada um hospital que não se mexe?”, criticou
A deputada Stela disse que tomou conhecimento da situação por meio das redes sociais, mas também tem recebido diversas denúncias de outros pacientes. A parlamentar esteve por duas vezes acompanhada da presidente do Conselho Estadual de Saúde, Inara Ruas, para visita de inspeção. “O que precisamos é que a Comissão (de Saúde) se posicione. Não podemos continuar sendo informados e continuar assistindo o que está acontecendo como se não estivesse acontecendo nada”, disse. Segundo a parlamentar, boa parte da população de Alvorada já não se socorre no hospital da cidade porque sabem das péssimas condições em que se encontra. “Estamos vivendo uma situação de longa data, uma crise hospitalar que não é só da nossa região ou da nossa cidade. É uma crise do sistema todo que está completamente falido e o governo do Estado precisa urgentemente dar respostas”.
Taís Zumba também procurou o Ministério Público Estadual para denunciar a negligência e o mandato de Stela fará o acompanhamento, além de estar tentando agendar uma audiência com a secretária da Saúde, Arita Bergmann, para cobrar uma solução para o problema. A deputada salientou que já há recursos do Ministério da Saúde disponíveis para o hospital. “Mas eu creio que se não houver alteração rápida, drástica e urgente sobre a gestão de Alvorada, não vai resolver. Por isso, meu pedido ao presidente (da Comissão), é que a gente possa por conta da comissão fazer um pedido à SES de uma solução. Não é mais possível seguir assistindo. Me sinto envergonhada de fazer parte da Comissão de Saúde e me sentir impotente”.
Para Stela, a política adotada pelo governador Eduardo Leite em relação aos programas da atenção hospitalar é responsável por esta morte e pela situação difícil enfrentada por diversos hospitais. “Não temos mais atendimento em lugar algum. Aqui na região Metropolitana, o caos é geral e a situação do hospital de Alvorada nos demonstra a crise que a gente vive e que tem que ter providências imediatas”.
A presidente do Conselho Estadual de Saúde, Inara Ruas, relatou que houve várias discussões em relação à gestão do Hospital de Alvorada, que é um hospital próprio do Estado. O Conselho defende que o estado administre e pare de terceirizar os serviços de saúde. “A transição do Instituto de Cardiologia para a Associação João Paulo II não foi bem feita”. Os enfermeiros e técnicos de enfermagem, segundo Inara, foram chamados por whatsapp e estavam até pouco tempo recebendo como diaristas, sem nenhum contrato de trabalho. Sugeriu que se chame à comissão o grupo de fiscalização de contratos da SES para dizer como estão os contratos.

 

Texto: Claiton Stumpf – MTb 9747

Foto: Debora Beina

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