sábado, 23 novembro
Foto: Leandro Molina

A divulgação de casos de assédio e violência contra mulheres tem sido cada vez maior na sociedade, e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) não está imune a isso. Com objetivo de ampliar as ações de combate ao machismo dentro dos espaços da instituição, a UFRGS assinou adesão ao Movimento Mundial ElesPorElas (HeForShe), da ONU Mulheres Brasil. Com isso, a Universidade passa a integrar oficialmente o Comitê Gaúcho Impulsor ElesPorElas.

A assinatura do documento de adesão ocorreu nesta quarta-feira (10) na reitoria da instituição, com presença do reitor Rui Vicente Oppermann; da vice-reitora Jane Tutikian; a diretora do Planetário e representante da UFRGS no Comitê; Daniela Pavani; o coordenador do Comitê Gaúcho, deputado estadual Edegar Pretto (PT); e professores, estudantes e funcionários.

Na cerimônia, Pretto ressaltou que a Universidade está engajada há bastante tempo em ações pela igualdade de gênero e contra o machismo. “Temos uma grande responsabilidade com esse Comitê. Devemos garantir que mulheres sejam respeitadas, interna e externamente, e ser agentes estaduais em ações, programas e campanhas”, enfatizou. Ele ainda lembrou que o trabalho realizado no estado propõe uma frente integrada por diferentes forças da sociedade para trabalhar em ações de combate à violência contra as mulheres e meninas, seja psicológica, sexual, física ou moral. “Nosso trabalho é para acabar com a cultura machista, e a educação é um terreno fértil para esta mudança cultural. A Universidade Federal, que já é parceira, se torna mais um importante agente neste trabalho incansável de combate ao machismo”, afirmou.

A vice-reitora da UFRGS, Jane Tutikian, que assinou o termo como reitora em exercício, falou da trajetória e conquistas das mulheres. Disse que, mesmo com os avanços, ainda há muito a se fazer, principalmente diante dos casos de feminicídio e das dificuldades de ascensão das mulheres na carreira, incluindo a carreira científica. “A mulheres ainda têm muitas barreiras para ocupar os espaços de poder. Portanto, eu não acredito em mudanças que não sejam pela via da educação”, avalia.

Durante cerimônia foram empossados o integrantes do Comitê ElesPorElas da UFRGS, que terá os seguintes membros: Daniela Pavani (coordenadora), diretora do Planetário, Carolina Brito, Alan Alves Brito e Márcia Barbosa, do Instituto de Física; Fernanda Stanisçuaski, do Instituto de Biociências; e Henrique Nardi, do Instituto de Psicologia. O reitor Rui Oppermann destacou que a adesão da Universidade ao ElesPorElas é uma iniciativa fundamental, pois a cultura machista não tem mais espaço na sociedade. “É um movimento que todos devem entender, pois é preciso um novo homem. A Universidade abriga muitos jovens, e aqui trabalhamos a mudança dessa cultura machista. Não dá para admitirmos os números de feminicídio no país. Isso é uma vergonha e precisamos fazer nossa parte para combater”, afirmou.

 

Pesquisa sobre assédio

A primeira ação do Comitê UFRGS/ElesPorElas será realizar uma pesquisa a sobre a percepção de assédio moral e sexual relativo ao gênero, na Universidade. Até o final do mês de abril será aplicado um questionário para ouvir a comunidade universitária (alunos, docentes e técnicos-administrativos) sobre a percepção dos casos de assédio e sobre experiências vividas no ambiente acadêmico. A pesquisa é coordenada pelas docentes do Instituto de Física Daniela Pavani e Carolina Brito, e pelo professor Ângelo Brandelli, da PUCRS. Segundo Daniela, o início da pesquisa representa “um marco histórico”. “Precisamos saber o tamanho do problema e enfrentá-lo de maneira adequada. O problema existe, e nós vamos atacá-lo”, afirma Daniela Pavani, coordenadora do Comitê ElesPorElas da UFRGS.

Segundo os coordenadores, esta é a primeira universidade brasileira a realizar uma pesquisa de alcance tão amplo estruturalmente. Além de mapear e quantificar o problema do assédio dentro a instituição, a pesquisa pretende contribuir para políticas institucionais de combate ao assédio e ao machismo.

Compartilhe