A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos ouviu na reunião desta quarta-feira (10), a pedido dos deputados Matheus Gomes e Luciana Genro (PSol), o relato de Juliana Lopes Macedo, mãe do adolescente João Vitor Macedo, de 15 anos, que morreu no dia 28 de março, no Bairro Agronomia em Porto Alegre, após levar um tiro no peito. Com base em relatos de testemunhas e imagens de câmeras de segurança, a Polícia Civil investiga a provável participação de policiais civis no crime.
Na reunião na Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Adão Pretto (PT), Juliana relatou aos parlamentares que o próprio filho foi quem informou ter sido baleado por um policial civil, que deixou o local sem prestar socorro à vítima. “O meu filho relatou, antes de morrer, que policiais tinham atirado nele. Mas eu não acreditei, porque eu pensava que o dever da polícia é punir e prender… Eu não acreditava que teriam feito isso! Na minha cabeça, se fossem policiais, teriam prestado socorro. Mas aí veio a testemunha e as imagens das câmeras – a que tive acesso – e mostram que foram, sim, os policiais”, desabafou Juliana.
A mãe do adolescente informou ainda que a cena foi registrada por câmeras de segurança de um estabelecimento próximo ao local onde o adolescente foi atingido. As imagens teriam registrado cenas de João Vitor e outro adolescente correndo na Avenida Bento Gonçalves, indo ao Beco dos Marianos, e a viatura seguindo na mesma direção, com as sirenes ligadas. Após algum tempo, o outro garoto retorna correndo e o veículo da Polícia Civil deixa o beco, com as sirenes desligadas. Avisado pelo menino, populares teriam socorrido João Vitor.
O deputado Adão Pretto se solidarizou com Juliana e à família da vítima e afirmou que vai acompanhar o caso, via Comissão, e exigir rigor na punição de quem estiver envolvido no episódio. “Exigimos justiça por João Vitor. O dever dos órgãos de segurança é proteger a sociedade. No entanto, temos fortes indícios de que alguém ligado à secretaria efetuou os disparos. Por isso, solicitamos os devidos esclarecimentos com rapidez e urgência”.
Para a deputada Sofia Cavedon (PT), é necessário oferecer proteção do Estado ao menino que testemunhou o episódio. “A Comissão de Direitos Humanos precisa se preocupar com esse menino que testemunhou esse crime. A Secretaria de Segurança Pública precisa acompanhar, porque nós temos um vulnerável e uma mãe pedindo justiça”.
“É importante que a Comissão acompanhe essa ocorrência, até porque existe uma testemunha que precisa ter a sua segurança garantida. O acompanhamento é muito importante para que se possa desvendar o caso e confirmar se foi, de fato, uma execução por parte da polícia”, afirmou a deputada Luciana Genro.
Como encaminhamento da reunião, a Comissão deve oficiar ao Chefe de Polícia Civil, para que compareça a uma próxima sessão da Comissão para explicar o que aconteceu, bem como elucidar o andamento da investigação. Também serão oficiados a Secretaria de Segurança Pública e o Governador do Estado.
O caso só veio a público, depois que Juliana Macedo organizou um protesto e bloqueou a Avenida Bento Gonçalves, denunciando o episódio e pedindo Justiça.
Texto: Adriano Marcello Santos com informações de Guilherme Zanini
Foto: Debora Beina