Comissão de Educação revisita escolas do Vale do Taquari atingidas pelo ciclone

Comissão de Educação revisita escolas do Vale do Taquari atingidas pelo ciclone


Após meses, algumas demandas foram sanadas, mas outras ainda precisam ser resolvidas para as comunidades voltarem a rotina que tinham antes da tragédia 

Desde as fortes chuvas em setembro do ano passado, que resultaram em muitos estragos nas escolas do Vale do Taquari, a Comissão de Educação da AL/RS, presidida pela deputada Sofia Cavedon (PT), acompanha de perto a situação e, na segunda-feira (11/03), realizou mais uma visita da sua equipe às instituições afetadas. Entre as escolas da região, quatro foram atingidas fortemente pelo temporal, resultando em perdas de materiais escolares, livros, móveis, utensílios de cozinha, eletroeletrônicos e estragos estruturais nos prédios. Tanto os telhados, quanto às redes elétricas, foram danificados. Em alguns casos, o problema que já se estendia há anos, só piorou depois do acontecimento. Outras preocupações comuns entre as escolas são: a falta de muros e a biblioteca que não possui profissionais especializados para catalogar os títulos e atender os estudantes.

Demandas das Escolas

EEEB Padre Fernando
A escola Padre Fernando, em Roca Sales, a única de Ensino Médio do município, foi a mais atingida pelas chuvas. Como mostrado na visita anterior, a escola foi totalmente invadida pelas águas, deixando destruídos o pátio e as áreas anexas, perdendo todo imobiliário e a documentação da escola. Atualmente, com quase 300 alunos, ocupa o salão paroquial da igreja da cidade desde outubro de 2023. Porém, a preocupação da comunidade é que a obra na escola demore a começar. De acordo com a diretora Marisa Lorenzon, a perspectiva é que inicie no final deste mês a obra no pavilhão, mas, até o momento, nenhum documento oficial foi encaminhado para a instituição. Já a reconstrução do restante do prédio será feita por uma empresa privada.

Sem Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI), o espaço é inteiramente improvisado. Uma sala é dividida entre a direção e a administração. Além disso, o banheiro também é limitado para atender os alunos. Sem biblioteca, a escola recebeu muitas doações de livros que ficam organizadas em uma estante entre o corredor e o refeitório. Segundo a diretora, mesmo sem um espaço destinado para leitura e sem bibliotecária, os livros têm tido muita procura pelos estudantes. Temendo não voltar mais para o prédio da escola que, desde setembro, está fechado, a comunidade está lutando para que ainda esse ano consigam voltar para o prédio reconstruído. Esperançosos, os alunos querem recuperar, em especial, dois espaços que foram perdidos na enchente: o laboratório de ciências e a quadra esportiva para as aulas de Educação Física.

EEEF Antônio De Conto
A escola Antônio De Conto, em Encantado, já foi atingida três vezes pelas enchentes. Localizada ao lado de um rio, a instituição sofre cada vez que as águas chegam ao nível mais alto. Atendendo cerca de 200 alunos, a instituição está na lista prioritária da Secretaria de Educação (Seduc), para que seja reformada. Será preciso refazer a rede elétrica, arrumar o piso, o teto e pintar as paredes. Enquanto isso, a instituição está localizada em um outro endereço, um pouco mais distante, em uma escola municipal fechada que foi reaberta para recebê-los durante a reforma. Para que as crianças cheguem até a escola, foram contratados pelo município, quatro ônibus.

Mesmo realocados em um novo prédio, a comunidade luta para voltar ao antigo endereço. Conforme a diretora Vanessa Agostini, a falta de espaço, sinal de telefone, internet e o PPCI vencido, são preocupações diárias na rotina escolar. Além disso, de acordo com a diretora, a escola está precisando de bibliotecária, professores de português, história e profissional de atendimento especializado para atender alunos com deficiência.

EEEM General Souza Doca
Localizada em Muçum, município mais atingido pelo ciclone, a escola Souza Doca é a única do Ensino Médio da cidade. Após seis meses da tragédia que mudou o Vale do Taquari, somente agora a escola está se recuperando das perdas estruturais e materiais, retomando aos poucos a rotina. A reforma no telhado foi concluída, porém, a elétrica continua apresentando problemas. De acordo com a vice-diretora, Karine Baronio, enquanto a RGE não conseguir arrumar os fios, a rede continuará não aguentando a demanda elétrica. Por conta disso, ar-condicionados estão impossibilitados de serem usados em salas de aula e os estudantes diariamente reclamam do calor.

As portas dos banheiros, perdidas na enchente, serão doadas ainda este mês por uma instituição privada. Utensílios de cozinha como pratos, copos, talheres, panelas e fornos, chegaram essa semana. Assim como, as mesas e cadeiras para as salas e para o refeitório. Na biblioteca ainda faltam móveis: mesas, cadeiras e estantes. Mas o acervo já está sendo restaurado com livros que chegaram por meio de doações. No prédio ainda faltam serem reformados o muro, a pracinha da Educação Infantil e a cobertura da quadra. Outra necessidade enfatizada pela vice-diretora são a falta de professores de língua portuguesa e trilhas para o Ensino Médio.

EEEF Moinhos  Estrela
Quase tudo que foi perdido na enchente ou precisou de reforma há anos já está sendo restabelecido na escola Moinhos, em Estrela. A reforma elétrica e a acessibilidade nos banheiros, já foram concluídas. Já a obra no telhado, doada por uma instituição privada, já está em andamento e a previsão é que seja concluída em breve. A escola também recebeu novas mesas e cadeiras para as salas de aula, mas ainda faltam algumas mobílias perdidas com a chuva.

De acordo com a diretora Beatriz Reckziegel, depois de todas essas demandas encaminhadas e concluídas, faltam ainda a reforma do muro e a cobertura da quadra de futebol. A falta de um profissional especializado para a biblioteca também preocupa a comunidade. Há bastante procura pelos estudantes, ainda mais depois do acervo ter sido reconstruído por meio de doações, mas sem um bibliotecário para instruir os alunos, o atendimento se torna precarizado e prejudicial para a formação dos jovens.

 

Texto e foto: Hiashine Florentino