segunda-feira, 25 novembro
Diversos eventos marcaram a Semana Adão Pretto no Rio Grande do Sul. Na sexta-feira (14/12), o deputado Adão Pretto Filho prestou uma homenagem ao padre Arnildo Fritzen, com a entrega da medalha da 56ª Legislatura da Assembleia Legislativa, no município de Pontão. O padre e professor no Instituto Educar, no Assentamento Nossa Senhora Aparecida, esteve ao lado do saudoso Adão Pretto em momentos de luta pela terra. Juntos tocavam e cantavam a Classe Roceira, umas das principais músicas do movimento.
Neste momento emocionante, padre Arnildo recordou daquele período em que famílias de agricultores estavam acampadas, iniciando uma história de lutas que hoje é responsável pela produção de alimentos saudáveis e pelo cuidado com a natureza. “Hoje, o deputado Adão Pretto segue o legado de seu pai, e eu tenho a certeza de que o Adãozinho está construindo um novo capítulo da nossa história de luta. Eu quero dividir essa homenagem com todos os companheiros que já nos deixaram e dizer que a luta não vai parar”.
No domingo, dia 17, o padre Valdir Formentini celebrou uma missa campal no Assentamento Filhos de Sepé em Viamão, comemorando o aniversário de Adão Pretto, celebrado nesta segunda-feira, dia 18 de dezembro, e também os 25 anos do assentamento no município e os 40 anos do MST. Neste mesmo domingo, aconteceram homenagens associadas à memória do deputado durante o encontro da família Pretto, em Porto Alegre.
“A Semana Adão Pretto é um momento de muita emoção para nós, familiares, amigos e antigos companheiros de luta do meu pai, pois mantém viva a sua memória e o compromisso com a terra. É um marco de união que nos dá força para seguir em frente, lutando ao lado de todos que são responsáveis por tirar da terra o sustento, a comida que alimenta a cidade e o cuidado com a natureza”, afirmou o deputado Adão Pretto Filho.
MEMÓRIA | Adão Pretto foi deputado estadual e federal, e faleceu em 2009, durante seu sexto mandato. Honrou a história política do Rio Grande do Sul e do Brasil, ingressando no Partido dos Trabalhadores (PT) em 1985, ano em que foi eleito deputado estadual. Em 1990, foi eleito deputado federal, mantendo-se no cargo, reeleito consecutivamente por cinco legislaturas.
Pretto destacou-se como uma liderança expressiva do movimento camponês no interior do Rio Grande do Sul. Participou das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), instituições ligadas à Igreja Católica. Presidiu o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Miraguaí antes de seguir a carreira parlamentar.
Em 1986, como deputado estadual, presidiu a CPI da Violência no Campo, que investigou os conflitos entre grandes fazendeiros e trabalhadores rurais. Na condição de parlamentar estadual, iniciou a luta pelo seguro agrícola e defendeu a aposentadoria especial e mais assistência para quem trabalha no campo.
No Congresso, opôs-se aos ruralistas na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara. Sua principal bandeira política foi a reforma agrária. Escreveu um livro sobre o tema (“Queremos Reforma Agrária”, Editora Vozes, 1987), denunciou e combateu as ações da bancada ruralista, fundou e integrou o Núcleo Agrário do Partido dos Trabalhadores no Congresso.
Apresentou Projetos de Lei que buscavam acelerar o processo de reforma agrária, permitindo o acesso à educação para os camponeses e melhorando a qualidade de vida no campo. Propôs medidas para encerrar o pagamento de indenização compensatória nos processos de desapropriação para fins de Reforma Agrária em terras utilizadas pelo narcotráfico.
Fundador, defensor e apoiador das lutas do MST, desde o início de sua militância social nas Comunidades Eclesiais de Base e no Sindicalismo Rural, Adão Pretto trabalhou incansavelmente na defesa da reforma agrária, desempenhando um papel destacado na articulação das famílias de trabalhadores Sem Terra e de apoiadores desde as primeiras ocupações de áreas no Rio Grande do Sul, ainda durante o Regime Militar. Esteve presente na organização e fundação do Partido dos Trabalhadores e do Departamento Rural da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Texto e foto: William Dias
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