Para projetar o futuro do sistema financeiro público gaúcho, o deputado Miguel Rossetto (PT) lançou, nesta sexta-feira (08/12), no Plenarinho da Assembleia Legislativa, o Fórum de debates sobre papel público no sistema financeiro gaúcho, uma iniciativa que reúne dirigentes do Banrisul, BRDE e Badesul, funcionários e setores sociais.
Na abertura do encontro, que contou com as presenças do presidentes do Banrisul, Fernando Lemos, e do Badesul, Claudio Gastal, e do vice-diretor-presidente Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Ranolfo Vieira Júnior, o deputado destacou a construção coletiva da iniciativa, com ampla participação de representantes do setor, prefeitos e dirigentes do sistema financeiro público. “Preocupados com uma agenda extremamente necessária, uma ideia forte de pensarmos uma agenda de desenvolvimento para o Rio Grande do Sul. Superada a agenda das privatizações do sistema financeiro gaúcho, consolidadas estas três instituições (Banrisul, Badesul, BRDE), a agenda que se impõe e a Assembleia Legislativa tem obrigação de cooperar, enxerga essas instituições, num projeto de desenvolvimento que possa ser um braço forte para conectar cada município e cada região do nosso Estado com o projeto nacional.”
Rossetto afirmou ainda que o RS tem vivido uma situação dramática com relação aos desafios impostos pelos desastres climáticos e que o Estado tem uma condição singular, ao dispor de três instituições com profundo conhecimento acumulado sobre todas as regiões e sobretudo sobre a economia gaúcha. “Nós vamos percorrer o Estado do Rio Grande do Sul, a partir de março de 2024, para conversar com todos os agentes sociais e econômicos, empresários, trabalhadores, bancários e dirigentes, para ouvir e fortalecer essas instituições, numa estratégia de presença cada vez maior numa ideia de crescimento com desenvolvimento econômico.”
O parlamentar ressaltou ainda que a Reforma Tributária, em fase final de tramitação no Congresso Nacional, acaba com a guerra fiscal entre os Estados e encerra um ciclo desorganizador e nefasto para a economia, ao mesmo tempo que impõe o desafio de definir quais são os instrumentos para pensar o futuro. Rossetto afirmou que os cenários social e ambiental também trazem novas possibilidades de pensar uma nova economia capaz de pensar sobre o uso sustentável dos recursos naturais disponíveis no território gaúcho.
Ranolfo Vieira Júnior, falando em nome do BRDE, destacou o papel complementar das instituições financeiras gaúchas e informou que o BRDE deve ampliar seu escopo, para além dos três Estados da Região Sul, incorporando o Mato Grosso do Sul a partir de 2024.
Para a diretora da Fetrafi-RS, Raquel Gil, a população gaúcha tem manifestado sua vontade de manter seu sistema financeiro público, graças ao trabalho dos dirigentes sindicais que organizam campanhas para defender os bancos públicos como o Banrisul. Gil saudou a presença do presidente Fernando Lemos e seu compromisso pela preservação do Banrisul como instituição pública. A diretora também elogiou a iniciativa do deputado Miguel Rossetto que abrir o debate com participação popular.
O presidente do Badesul, Claudio Leite Gastal, destacou a importância da Reforma Tributária, feita de maneira democrática e a expectativa dos setores produtivos em simplificar os tributos e ampliar sua competitividade. Gastal afirmou que essa nova realidade também traz novos desafios e o principal deles é pensar o desenvolvimento descentralizado.
Luciano Fetzner, presidente do SindBancários de Porto Alegre e Região, saudou o diálogo, a participação e a cooperação afirmando que foram elementos essenciais para a superação de crises como a pandemia e os recentes eventos climáticos. Fetzer destacou a força e as diferentes características e papéis de cada uma das três instituições.
A discussão sobre que Estado queremos foi saudada pelo presidente do Banrisul, Fernando Lemos, que em sua manifestação afirmou que o padrão da economia brasileira vai mudar, a partir da Reforma Tributária. Lemos disse que as três instituições financeiras gaúchas têm papel central no desenvolvimento do RS e destacou o Banrisul como um banco do varejo, que é responsável por distribuir recursos e créditos, através de todos os setores da economia. Para o presidente do Banrisul, o que vai definir o desenvolvimento nos próximos anos é a qualidade de vida (saúde, segurança, educação, transporte coletivo) e isso só se faz com um Estado forte. Lemos comemorou a abertura de um espaço de diálogo para encontrar caminhos em conjunto.
O Fórum terá uma agenda a partir de março que deve percorrer as principais regiões do Estado, finalizando a rodada de debates com setores estratégicos, em agosto com um grande evento em Porto Alegre.
Texto: Adriano Marcello Santos
Foto: Joaquim Moura