Um mês depois de uma das maiores tragédias climáticas do Rio Grande do Sul, a situação das escolas no Vale do Taquari continua muito difícil. A deputada Sofia Cavedon (PT), que esteve no Vale do Taquari na semana passada, ocupou a tribuna na sessão plenária desta terça-feira (3) para falar sobre os investimentos e medidas do governo federal e a falta de ação do governo estadual e para cobrar da secretária de Educação, Raquel Teixeira, uma audiência para apresentar o relatório da visita técnica da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia às escolas estaduais de Estrela Roca Sales, Muçum e Encantado.
Na visita, a parlamentar pode verificar que as escolas tiveram um impacto muito grande, resultando em problemas estruturais e transtornos tanto para os alunos e suas famílias como para os professores, pois além de terem as escolas destruídas pela enchente, muitos também perderam as próprias casas. Na escola Moinhos de Estrela, exemplificou a deputada, a comunidade se uniu para fazer a limpeza, mas a instituição ainda precisa de móveis. Na cidade também muitos habitantes estão precisando se mudar porque não há casas para alugar. “Hoje encaminhei ao ministro do Esporte o relatório e um pedido de atenção especial para as áreas esportivas das escolas”, disse.
Sofia também relatou que em Roca Sales, a escola Padre Fernando não tem condições de retomar as aulas, pois precisa ser totalmente reconstruída. Escola Souza Doca em Muçum também tem graves problemas, já que a água atingiu o teto e o governo do estado não tomou nenhuma iniciativa. “Até agora, mal e mal o governo começou a recolocar as telhas e anunciou o início das aulas. Mas nem o acolhimento das professoras foi feito”, reclamou a deputada. Em Encantado, na escola Antonio De Conto, os pais e mães também fizeram a limpeza e estão dando aula em espaço cedido na EMEF Osvaldo Aranha, localizada a 10 km de distância para não deixar as crianças sem estudar. “Não quero fazer a crítica pela crítica. Eu sei que o governo está lá presente, mas o que eu vi nas escolas foi que nenhuma delas recebeu dinheiro. É um esforço lindo das comunidades escolares, mas já pedimos que a secretária nos receba para entregarmos o relatório”, disse Sofia.
* CONSIDERAÇÕES DA COMSSÃO:
O cenário das áreas atingidas é de destruição. As pessoas são sobreviventes.
■ Professores e equipes diretivas também perderam suas casas, familiares e estão em condições muito precárias, abrigados em casa de amigos e parentes.
■ Das quatro escolas visitadas, em duas as direções foram resgatas em telhados por barqueiros no dia seguinte.
■ Maioria dos alunos perderam suas casas, familiares e estão em abrigos provisórios ou com parentes.
■ Muita gente abandonando as cidades.
■ Duas cidades – Muçum e Roca Sales -o comércio e equipamentos públicos quase totalmente destruídos. Toda a estrutura precisa ser reconstruída.
■ Desemprego.
■ Pessoas em estado de choque, com crises de ansiedade e tristeza. Tem escolas que não receberam nenhum tipo de suporte psicológico .
■ Ajuda dos voluntários já está diminuindo.
■ Atendimento para abrigar e alimentar as pessoas foi realizado. Os demais encaminhamentos estão lentos.
■ As escolas precisam de reforço na autonomia financeira;
■ Todas as escolas precisam de reposição imediata de materiais (escolar, escritório, limpeza, utensílios de cozinha, livros), equipamentos e móveis (para cozinha, secretária, laboratórios, salas, biblioteca).
■ As obras mais estruturais precisam ser obras emergenciais;
■ Todas as escolas necessitam de acompanhamento integral da Coordenadoria Regional de Educação, pois algumas relataram pouca orientação;
■ Todas as escolas necessitam de acompanhamento psicológico aos professoras/as e estudantes.
* Fonte: Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia
Texto: Claiton Stumpf – MTb 9747
Foto: Paulo Garcia