Março é o mês em que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Rio Grande do Sul celebra os resultados da cadeia produtiva de arroz orgânico. Para isso promoveu a 16ª Festa da Colheita do Arroz Agroeocológico, que na sexta-feira (15) reuniu famílias assentadas de todo o estado, lideranças políticas e populares, além de amigos e apoiadores da Reforma Agrária. A 16ª edição foi realizada no Assentamento Santa Rita de Cássia II, em Nova Santa Rita, na região Metropolitana de Porto Alegre.
O deputado estadual Edegar Pretto (PT) participou da atividade, com cerca de 1,2 mil pessoas. E sua fala, o parlamentar lembrou do trabalho dos assentados e assentadas, que enfrentaram muitas dificuldades, mas que hoje celebram mais uma conquista. “Não é por acaso que o MST realiza essa grande celebração na abertura da colheita do arroz. A luta pela reforma agrária tem muitos percalços, e esse momento é motivo de festa para comemorar mais uma colheita como uma prova da viabilidade da produção orgânica. Estamos dizendo aqui, com alegria e emoção, que a luta que nós fizemos é uma luta que vale a pena”, declarou.
Pretto ainda abordou o tema da reforma da Previdência, destacando que a proposta do governo federal só traz prejuízos aos trabalhadores e trabalhadoras, principalmente para quem vive no meio rural, que também vai trabalhar mais e ganhar menos. “Neste momento, mais uma vez, não dá para ficar em cima do muro ou fazer de conta de que nada está acontecendo. É preciso cobrar de seus representantes, seja no município, no estado ou na Câmara Federal. Ou se está ao lado ou contra a classe trabalhadora”, reiterou.
Além da colheita simbólica na lavoura, o evento contou com análise política feita pelo dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile, estudo sobre a Reforma da Previdência, feira de produtos ecológicos e lançamento de livro sobre a produção de arroz orgânico e a Reforma Agrária Popular. Também participaram do evento críticos gastronômicos e representantes de prefeituras dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que adquirem arroz do MST por meio de programas institucionais.
O assentamento que sediou o evento se destaca pela produção de alimentos livres de agrotóxicos, pelo trabalho cooperado e pela organização coletiva das famílias assentadas. Atualmente são 363 famílias envolvidas na produção do grão, em 15 assentamentos e 13 municípios gaúchos – Charqueadas, Capela de Santana, Eldorado do Sul, São Jerônimo, Canguçu, Manoel Viana, Tapes, Arambaré, Nova Santa Rita, Viamão, Capivari do Sul, Guaíba e Santa Margarida do Sul. A estimativa é colher aproximadamente 16 mil toneladas na safra 2018-2019, numa área de 3.433 hectares. Já as sementes são produzidas em sete assentamentos em Eldorado do Sul, Viamão, Nova Santa Rita, Tapes e Guaíba.
O MST, que é reconhecido pelo Instituto Rio Grandense de Arroz (Irga) como o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, completa este ano duas décadas de cultivo do alimento no RS. As primeiras experiências ocorreram em 1999, em pequenas no entorno de Porto Alegre. Hoje são produzidos diversos tipos de arroz, entre eles o cateto, arbóreo, integral, agulhinha, parboilizado, vermelho e preto.
Também estiveram na Festa da Colheita os deputados federais petistas Dionilso Marcon e Elvino Bohn Gass; a prefeita do município, Margarete Simon Ferretti (PT); e vereadores e lideranças comunitárias e de movimentos populares. Durante todo o evento foram apresentadas músicas de luta e regionalistas, tocadas por artistas populares que apoiam o MST. No almoço, foi servido um arroz de carreteiro, acompanhado de feijão preto e salada. Para beber, os agricultores ofereceram cerveja de arroz orgânico, produzida por uma cervejaria artesanal com o cereal colhido no assentamento. À tarde teve colheita simbólica de arroz na lavoura, marcando a abertura oficial dessa atividade no Rio Grande do Sul.
Texto: Assessoria Deputado Edegar com informações de Catiana de Medeiros/MST