Instalada nesta quarta-feira (28), na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, da Assembleia Legislativa, a Frente Parlamentar pela Prevenção da Doença Renal Crônica, presidida pelo deputado estadual Pepe Vargas, tem o objetivo de contribuir com a prevenção da doença renal crônica, por meio da conscientização sobre suas causas e consequências, além de garantir o acesso ao tratamento às pessoas.
O deputado Pepe Vargas, proponente da Frente, destacou que a Doença Renal Crônica (DRC) é um problema de saúde pública que impacta na vida das pessoas. “A mortalidade, apesar do avanço nas terapias, continua elevada e deve ser a quinta causa de morte no mundo até 2040, um problema global de saúde pública. Precisamos garantir a prevenção e o atendimento das pessoas”, destaco Pepe Vargas.
A maioria dos pacientes depende do SUS para o tratamento da Doença Renal Crônica, o que na análise do parlamentar, e amplia a importância da instalação da Frente Parlamentar. O parlamentar explicou, que embora de múltiplas causas, a doença renal crônica está associada a duas doenças de alta incidência na população brasileira: hipertensão arterial e a diabete. “Não existe cura para a doença renal crônica, apesar do tratamento adequado retardar ou interromper a progressão da doença e impedir o desenvolvimento de outras condições graves”, esclareceu. Nos casos mais extremos pode ser necessária a realização de diálise ou transplante renal, como terapêutica definitiva de substituição da função renal.
O trabalho da Frente terá como foco a promoção do diálogo com a população, com os gestores do SUS e seus prestadores de serviços, com o sistema de saúde suplementar, com os profissionais de saúde e com as inúmeras entidades da sociedade civil que atuam para prevenir a doença e apoiar as pessoas.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a prevalência da doença renal crônica no mundo é de 7,2% para indivíduos acima de 30 anos e 28% a 46% em indivíduos acima de 64 anos. No Brasil, estimativa é de que mais de dez milhões de pessoas tenham a doença e mais de 140 mil pacientes realizam diálise em decorrência da Doença Renal Crônica (DRC) avançada.
AUDIÊNCIA PÚBLICA debate situação da hemodiálise no Estado
A Frente Parlamentar pela Prevenção da Doença Renal Crônica decidiu por apresentar ao Ministério Público e a Secretaria Estadual de Saúde as propostas sobre o coofinanciamento e linhas de cuidado à saúde de pacientes renais. As medidas foram sugeridas pelos representantes de conselhos, hospitais, federações e associações do Estado, que estiveram presentes na audiência pública que debateu a situação dos serviços de hemodiálise no Estado. O encontro foi realizado após a instalação da Frente, nesta quarta-feira (26.06), na Comissão de Saúde Meio Ambiente.
O presidente da Frente, o deputado Pepe Vargas, lamentou a ausência de representante da Secretaria Estadual da Saúde, devido à importância do tema e das especificidades do debate. A data da reunião com o governo do Estado ainda não está definida. “Precisamos abrir um diálogo forte com a Secretaria da Saúde, se necessário, com o governador”, disse o parlamentar.
A Frente também definiu encaminhar, em segundo momento, as medidas voltada às situações voltada de assistência dos pacientes. Para tanto, vai visitar as associações de assistência pacientes renais para verificar os principais problemas.
A professora da faculdade de Medicina da UFRGS e chefe do hospital de Clínicas de Porto Alegre, Cristina Karohl, relatou o aumento do número de pacientes renais e a procurar pelos serviços após a pandemia. “Muitas vezes não conseguimos recolocar em centro próximo aos seus domicílios. Temos 22 de pacientes em espera essa semana, sendo 17 são de fora do município de POA”, ressaltou.
A necessidade de prevenção teve destaque durante audiência. O representante da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplantes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, João Carlos Biernat, ressaltou a importância da prevenção por meio da atuação da Atenção Básica. No entanto, criticou a ausência de médicos especializados no serviço público. “Sem nefrologista na área pública, como é a caso em Porto Alegre, não há como fazer a prevenção”, destaca. A mesma constatação foi feita pelo presidente da Associação dos Renais Crônicos de Caxias do Sul, RIMVIVER Valtair Moraes. “A doença inicia no posto de Saúde, onde deve ter nefrologista. O renal precisa do amparo”, afirma.
Para o presidente da Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil, Renato Padilha há uma crise no setor de hemodiálise e urgência em trabalhar na prevenção dos pacientes diabéticos, a qual passa pela necessidade de investimentos em saúde. Hoje são mais de 140 mil pacientes, entre os que estão em hemodiálise, peritoneal e os transplantados. “Temos no momento falta de vagas em diversos Estados, muitos pacientes aguardando a UTI e chegando a óbito, devido a essa demanda”, lamentou.
PARTICIPAÇÕES
Deputada Estela Farias
Deputado Neri O Carteiro
Representante da Procuradoria Geral da Justiça – Promotor Mauro Luiz Silva de Souza
Presidente da Sociedade Gaúcha de Nefrologia – Dirceu Silva
Presidente da Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados – Renato Padilha
Secretaria Executiva do Conselho Municipal de Saúde de Lajeado – Luziane da Silveira Rodrigues
Administradora da Nefrocor – Serviço em Nefrologia e Cardiologia – Angela Uglione
Conselheiro da Associação Brasileira de Transplantes de órgãos – Roberto Manfro
Administador do serviços de Hemodiálise do Hospital Bruno BOrn de Lajeado – Marcos Mallmann
Representante da Santa Casa Misericórdia – Gustavo Lengler
Médica do Departamento de Nefrologia da Santa Casa – Elizete Keitel
Gerente Hospitalar do Hospital Santa Clara/Complexo Santa Casa – Lígia Lubbe
HOMENAGEM
Em homenagem aos 30 anos de atuação da Associação dos Renais Crônicos – RIMVIVER, o deputado Pepe Vargas entrega, no dia 15 de julho, a Medalha da 56ª Legislatura. A cerimônia será sede da associação em Caxias do Sul.
A RIMVIVER tem como prioridade atender as pessoas com insuficiência renal crônica e seus familiares, sem distinção. São responsáveis por realizar oficinas que potencializam suas habilidades juntamente com seus familiares e também atendimentos de saúde.
Texto: Silvana Gonçalves (MTB 9163)
Foto: Vinicius Spengler