O líder da Bancada do PT, deputado Luiz Fernando Mainardi, utilizou à tribuna da Assembleia Legislativa para apontar a contradição da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) que foi historicamente apoiadora da privatização das estatais. Mainardi citou a proposta de reajuste na tarifa de gás natural da Sulgás, que segundo estudo da própria Fiergs indica que o aumento é desproporcional, já que só no exercício de 2023 a empresa recuperaria 89% de todos os seus ativos, quando o contrato de concessão lhe garante, no máximo, uma remuneração equivalente a 20% ao ano.
“O que aconteceu? Entregaram o gás e hoje uma entidade do setor industrial, a mais importante, reclama publicamente do reajuste da tarifa. Aliás, foi muito importante a presença deles no apoio à privatização de vários setores, entre eles, da Sulgás. Nós falávamos que a Sulgás era estratégica”, cobrou.
Mainardi traçou um paralelo com a medida tomada ainda no governo de Michel Temer (MDB) que criou o Preço de Paridade de Importação (PPI) fazendo com que o gás de cozinha, desde 2016 até hoje, tivesse uma variação de 223,8% no preço, registrando 34 altas e 14 baixas. No mesmo período, o barril de petróleo subiu 61,9%, enquanto a inflação medida pelo IBGE acumulou 36,6%. No mesmo período a gasolina variou 112,7% e o diesel 121%, segundo o Dieese.
“O que nós vimos com isso? Que houve uma política de beneficiamento dos acionistas privados da Petrobrás, que neste período ganharam bilhões e bilhões e o preço, para que isso pudesse ser viabilizado estava baseado no custo da importação, nessa paridade, incorporando outros custos logísticos, porque nós passamos a desestimular a produção interna de gasolina e diesel e passamos a importar. Agora o governo Lula anuncia a redução da gasolina em 12,6%, no diesel 12,8% e no gás de cozinha, uma redução de R$ 8,97”, apontou.
Para o líder da Bancada do PT é preciso compreender para quem servem as políticas públicas, onde uma empresa com importância estratégica para a produção industrial como a Sulgás, depois de privatizada se transformou exclusivamente numa empresa que busca seu próprio lucro. Mainardi afirmou que por isso o setor industrial agora criticou a medida, mas quando era a população que pagava as sucessivas elevações de tarifa dos combustíveis a Fiergs não estava tão incomodada.
Texto: Adriano Marcello Santos
Foto:Debora Beina