Jeferson Fernandes diz que é preciso aprofundar debate sobre índices de suicídio policial

Jeferson Fernandes diz que é preciso aprofundar debate sobre índices de suicídio policial

Por proposição do deputado Jeferson Fernandes, a reunião ordinária da Comissão de Segurança, Serviços Públicos e Modernização do Estado, presidida pelo deputado Leonel Radde, fez a escuta dos representantes do Comando da Brigada Militar, coronel-corregedor, Vladimir Luís da Rosa e da major-chefe da Seção de Biopsicossocial da BM, Denise Alves Riambau para tratar de casos de suicídio entre servidores da corporação.

Para Jeferson Fernandes, a saúde física e mental dos servidores da segurança é fundamental para garantir a boa prestação dos serviços à população. “A preocupação que surgiu nesta comissão, não é só minha, mas de vários colegas, sobre os fatos frequentes envolvendo brigadianos, acometidos por alguma doença mental, inclusive com surtos, que não necessariamente levam ao suicídio, mas também com acontecimentos que levam à morte do policial militar. A gente sabe que tem um importante programa da corporação sobre este tema, mas nada melhor do que ouvir seus representantes” esclareceu.

O coronel Vladimir afirmou que o tema do suicídio é um elemento corriqueiro na sociedade, mas que não é divulgado para evitar que se reproduza, o que segundo ele não acontece, quando se trata de policiais militares que cometeram o ato, porque o impacto de ser um representante do Estado é muito maior. O oficial fez referência ao Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que segundo ele trata do problema no começo, na escola, com as crianças. “ A BM não contrata só médicos que cuidam do coração, contrata médicos que cuidam da questão dos traumas do enfrentamento da delinquência, mas também de cuidar da mente do brigadiano. Aí começam a entrar com mais significância em seus quadros, psicólogos, psiquiatras. Nós temos um quadro de saúde específico para esses problemas, o nosso setor psicobiossocial, que é bom, mas ainda não é suficiente. Então nós temos o Programa Anjos, que é de um acompanhamento dos próprios oficiais que passam a acompanhar os colegas e a perceber quando há alguma mudança de comportamento”.

O deputado Jeferson Fernandes ressaltou que não se trata de fazer sensacionalismo com a morte de brigadianos, mas que é preciso é identificar o problema, para poder enfrentá-lo de maneira adequada. O parlamentar cobrou o índice utilizado pela BM para mensurar o problema. “Nós sabemos que o suicídio é um problema geral, mas notoriamente, as Forças Armadas têm uma incidência maior. As causas disso localizadas e tratadas pela corporação? Essa é a questão! Talvez os praças não falem para os senhores (o comando da BM), mas eles falam para nós aqui no Parlamento. Não é um pedido individual meu, é um pedido coletivo dos praças, muitos deles se sentem constrangidos em falar para o comando”

A major Denise informou que a BM tem quase 40 profissionais tratando de saúde mental, com capacidade para tratar desses problemas preventivamente. Os psicólogos são todos civis e os cinco psiquiatras são fardados. “Eu já era psiquiatra antes de ingressar na BM, desde então o serviço psiquiátrico só aumentou seu alcance”. A oficial também afirmou que tem trabalhos científicos publicados em revistas internacionais sobre o tema dos suicídios na BM e que os dados permitiram a instituição desenvolver programas e disponibilizara serviços de tratamento preventivo.

Jeferson afirmou conhecer e elogiou o trabalho produzido pela major Denise. “ Esse guia de orientação e prevenção ao suicídio para comandos, um texto muito qualificado. A senhora confirma que o índice de suicídio nas polícias é maior que na sociedade e na BM se percebe esse indicador de forma muito expressiva. Dentre as causas sociais que a senhora coloca aqui, estão a crise financeira grave, conflito importante com superior, envolvimento em ocorrências de vulto, perdas recentes e pouco suporte familiar. São coisas que a gente ouve dos praças.” Jeferson destacou que o motivo dessa primeira escuta é trazer o tema para Assembleia e discutir esse tema abertamente, em busca de soluções.

 

Texto: Adriano Marcello Santos

Foto: Debora Beina

|