Representantes das diversas entidades, organizações, militantes do cuidado em liberdade, movimentos sociais ligados à saúde mental do RS, e diversas autoridades estiveram presentes o lançamento dos livros em comemoração e homenagem à Luta Antimanicomial e aos 30 Anos da Lei da Reforma Psiquiátrica, realizada nesta quarta-feira (14). A produção dos livros é uma parceria entre a Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Psiquiátrica, presidida pelo deputado estadual Zé Nunes (PT), a presidência da Assembleia e o Fórum Gaúcho de Saúde Mental.
“Com muito orgulho celebramos os 30 Anos da Lei da Reforma Psiquiátrica, uma lei construída a muitas mãos em intensas movimentações e discussões da sociedade civil, da academia, de parlamentares e da militância do cuidado em liberdade”, lembrou o parlamentar. De acordo com ele, a cerimônia não apenas celebra a conquista dos direitos de parte da população, como também provoca uma reflexão sobre como o Estado se posiciona diante desta temática.
Para a ex-secretária de Saúde do Estado, e militante da luta antimanicomial, Sandra Fagundes, celebrar as conquistas desta área é reafirmar o compromisso com a vida presente e futura. “Assim, garantimos também que o sofrimento psiquiátrico não mais aconteça, bem como demais preconceitos”, declarou. Hoje celebramos um legado com força e potência de vida. Há mais de 30 anos fizemos uma aposta, e hoje temos ativistas de direitos humanos, que ao longo deste tempo, assumiram seu lugar de sujeito de direito”, completou.
O autor da lei da reforma psiquiátrica, Marcos Rolim falou sobre os avanços, mas criticou o fato de ainda existirem manicômios. “Quem luta pelos direitos humanos, entrelaça seu destino ao destino das outras pessoas, de modo que tudo passa a ser secundário. É com satisfação que estamos aqui, depois de 30 anos, mantendo o tema vivo, e comprovando que ainda temos muito o que fazer”.
Roque Jr., representando a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial e o Fórum Gaúcho de Saúde Mental contou sobre sua experiência de internação, quando tomou choque, ficou trancado, e privado de sua liberdade. Para ele, as obras contam o cotidiano da luta antimanocomial, e a tentativa de mudar a lógica, e retomar com a ideia inicial de CAPS.
Representando o Coletivo Artístico formado por artistas diagnosticados e não-diagnosticados, Nau da Liberdade, Sandra Mara falou sobre as necessidades de mais recursos para a área, para as comunidades e para os artistas. “Somos artistas, e é importante que nos reconheçam assim, e não como loucos, até porque atrás de um louco, tem um sujeito, uma vida, uma dignidade”.
São duas obras que constituem não apenas um trabalho coletivo, mas uma homenagem a todos e todas que participam desta luta, que vivenciam, que sofrem os efeitos dos desmontes provocados pelos últimos governos, que trabalham incansavelmente para que preservemos a dignidade do ser humano. Os livros serão disponibilizados por e-book no portal da biblioteca da Assembleia Legislativa em breve.
Texto: Marcela Santos (MTE 11679)