Comitiva formada por representantes do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (CODEVAT), entidade que reúne lideranças políticas e empresariais de 24 cidades, em audiência realizada nesta terça-feira (16) na presidência da Assembleia Legislativa, entregou ao chefe do Parlamento gaúcho, deputado Valdeci Oliveira (PT), documento com posicionamento contrário ao programa de concessão e pedagiamento das rodovias da região nos moldes apresentados pelo governo estadual para o bloco 2. Segundo os integrantes do Conselho, o executivo gaúcho nunca levou em conta as sugestões de entidades e comunidades, mas somente a opinião de poucos prefeitos, o que levou 18 localidades encaminharem pedido de desfiliação da Associação Regional (AMVAT).
No ofício entregue a Valdeci, que além da CODEVAT tem como signatários a Associação dos Vereadores do Vale do Taquari (AVAT) e a Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC Vale do Taquari), é destacado que 98,1% das pessoas que participaram de uma consulta pública, que contou também com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, realizada entre os dias 1º e 8/8, se posicionaram contra o modelo proposto no programa de concessão de estradas do governo e que este retire o edital e o rediscuta com as comunidades afetadas. As entidades alegam que o modelo que está para ser implantado pelos próximos 30 anos não atende as necessidades de melhorias das rodovias locais e compromete o desenvolvimento regional do Vale. As entidades sustentam ainda que a tarifa a ser cobrada é absurda, o que irá onerar o transporte e os produtos da região, diminuindo a competitividade das empresas. A exigência de um fundo garantidor é outro ponto destacado como responsável por onerar ainda mais os valores a serem pagos por quem transitar pelas rodovias, incluindo a forma de cobrança, considerada arcaica e injusta, pois não contempla o chamado “pedágio free flow”, que tem como principal objetivo cobrar de forma igualitária todos que utilizam o sistema, de acordo com a quantidade de quilômetros que foram rodados (ao invés de praças, antenas são instaladas em pórticos e viadutos ao longo da rodovia).
Ao final do encontro, Luciano Moresco, presidente da CODEVAT, e Leandro da Rosa, vereador e presidente da AVAT, solicitaram a Valdeci o apoio da presidência do legislativo gaúcho na sensibilização do executivo estadual. A licitação para a concessão está prevista para ser realizada na primeira semana do mês de setembro. “Esse é um tema que nos chega de forma recorrente. O descontentamento é geral, principalmente pela forma como foi conduzido e pelo prazo de duração da exploração dos serviços pela iniciativa privada, que será por três décadas. Temos defendido que pedágio bom é aquele que atende a todas as partes envolvidas, o que não é caso, segundo os gestores públicos e as comunidades, da proposta do executivo “, afirmou Valdeci, que buscará fazer a intermediação junto à Casa Civil para tratar do assunto. “Os gestores e as comunidades não têm se posicionado contra o pedágio propriamente dito, tanto que propõem a construção de alternativas em conjunto, levando-se em conta as especificidades e demandas locais”, destacou Valdeci.
Também participaram da reunião os deputados Pepe Vargas (PT) e Tiago Simon (MDB).