sábado, 23 novembro
Foto: Greice Nichele

A deputada Stela Farias (PT) subiu à tribuna, nessa quinta-feira (04), para saudar o exemplo de mobilização e organização do “Movimento RS-118 Sem Pedágio”, liderado pelo empresário Darcy Luiz Zottis Filho, dirigente da Associação Comercial e Industrial de Cachoeirinha (ACC) e da Federasul. Ele ocupou a Tribuna Popular da Assembleia Legislativa para reafirmar o movimento contra a instalação da praça de pedágio na RS 118. “É preciso saudar os empresários e dizer que nesses quatro mandatos não me recordo de ter visto um momento tão bem articulado com os parlamentares e a sociedade civil para estar aqui pela causa que é das mais justas”, registrou Stela.

O movimento nasceu em 2021 para sensibilizar o governo para os prejuízos da instalação de uma praça de pedágio na rodovia, prevista no Programa de Concessões Rodoviárias do governo do Estado, que pretende privatizar cerca de 1.100 km de rodovias. Graças à mobilização “RS118-Sem Pedágio”, no final de maio o governo decidiu retirar o trecho de 16 km “para reavaliar estudos” que indicavam a localização da praça de pedágio prevista inicialmente para o trecho urbano em Gravataí.

Considerada uma via urbana, ela corta seis municípios e atinge 10% da população do RS. Em sua manifestação, Darcy Zottis criticou a falta de diálogo com a sociedade civil por parte do governo do Estado: “O programa é desconectado da realidade dos municípios, não ouviu a população, empresários, lideranças políticas, vereadores e prefeitos”, lamentou o empresário que ainda aguarda uma audiência com o governador para entregar o Manifesto com milhares de assinaturas contrárias ao pedágio.

Stela Farias classificou de “nefasto” o Projeto que pretende cobrar pedágio da população que circula na Região Metropolitana para 16km de duplicação. “Nem todas as concessões são nefastas e ruins quando há cobrança justa, mas não é o caso da RS 118”, destacou. “Sob o pretexto de duplicar apenas 16km, o governo submeteria a população da Região Metropolitana ao pagamento de um pedágio por 30 anos aumentado o preço de transportes, dos alimentos e dos serviços”. Como ex-prefeita de Alvorada por duas vezes, Stela conhece a realidade da região e destacou que Alvorada e Viamão são municípios com os menores PIBs do Estado, uma vez que se constituem como cidades-dormitório para mais de 150 mil trabalhadores que diariamente circulam na região metropolitana em deslocamento para o trabalho.

Para Stela, o projeto de concessão do governo do Estado vai “multiplicar o desemprego, a fuga de investimentos desses dois municípios, sacrificando ao menos 50 mil trabalhadores que se dirigem para fora de Alvorada e outros 90 mil trabalhadores de Viamão”. Stela lembrou que o Movimento RS 118 Sem Pedágio, que ganhou a adesão de 48 deputados estaduais, teve uma conquista importante com o recuo do governo Leite/ Ranolfo, no final de maio, retirando esse trecho do Programa de Concessões Rodoviárias. “É uma conquista importante, mesmo que seja momentânea”. Para ela, o governo Leite/Ranolfo não terá tempo hábil para nova investida ainda esse ano. “É hora de manter a mobilização porque o executivo segue no intento das demais privatizações das rodovias. Lamentamos que ao governar exclusivamente de olho nas questões tributárias, o resultado seja a precarização de serviços como a energia elétrica, o saneamento, o caos no transporte público, na educação. Por isso, estamos juntas no movimento Não ao pedágio na 118 ”, finalizou.

Outra deputada petista que também se manifestou em apoio ao Movimento RS 118 Sem Pedágio foi Sofia Cavedon (PT). Ela condenou a intenção do governo de pedagiar a RS-118. Sofia defendeu o planejamento regional com a participação da sociedade na tomada de decisões. “É desnecessário listar todas as questões, análises e cálculos mostrando como é um negócio ruim para o cidadão, pensado sem a participação da sociedade. Inaceitável que o governo queira anunciar investimentos às custas da mobilidade, do trabalho, dos alimentos e da cidadania, pois este é o modelo que todas essas concessões trouxeram”. Para a deputada, o modelo proposto pelo governo é ruim porque propõe deságio ao mesmo tempo em que cobra preço para a outorga e não permite redução do preço da tarifa. “Ao tratar o estado todo com a mesma métrica, de que a cada 50 km deve haver uma cancela, o projeto não considera as especificidades de cada região. É claro que iria dar errado”.

Sofia citou o exemplo da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) que será extinta por este governo e que, segundo ela, poderia significar controle social e transparência sobre os pedágios não controlados e com arrecadações milionárias. Por outro lado, a deputada comentou que o governo poderia ter investido na duplicação da Estrada Caminho do Meio que beneficiaria toda a região. “Conhecemos os gargalos do trânsito entre Alvorada, Viamão e Porto Alegre. Esta é uma obra sonhada e priorizada na bancada federal. Hoje tem verba de R$ 4 milhões para começar a obra de duplicação da Caminho do Meio e, no entanto, tivemos que indicar que fosse para Porto Alegre, pois o Estado do Rio Grande do Sul está destruindo com a Metroplan”, criticou a parlamentar.

Texto: Denise Mantovani (Mtb 7548) e Claiton Stumpf (Mtb 9747)

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