A Comissão Especial para tratar de monitoramento e verificação do cumprimento das metas estabelecidas no Plano Estadual de Educação, presidida pela deputada Sofia Cavedon (PT), realizou na tarde desta segunda-feira (1º) sua terceira reunião. Desta vez o colegiado analisou o cumprimento das três metas relacionadas ao ensino superior.
A meta 12, que trata da elevação das matrículas, ainda não foi atingida. Conforme o PEE, a ampliação da taxa bruta (todas as idades) até 2015 deve ser de 55% e está em 48,5%. Já a taxa líquida de matrículas, que diz respeito ao segmento de 18 a 24 anos, deve chegar a 37% e está em 26,5%. No segmento público, a meta está longe de ser atingida. Deve chegar a 40% até 2025, mas está estagnada em 29%.
A meta 13, que trata da qualidade do ensino superior, medida pela proporção de mestres e doutores, foi superada no segmento público e está próxima de ser alcançada no privado. A meta é de que 90% do corpo docente das universidades sejam integrados por mestres e doutores. Nas instituições públicas, o percentual é de 96,9%, e nas privadas de 86%.
Já a meta 14 determina a elevação das matrículas na pós- graduação para atingir a formação de seis mil mestres e quatro mil doutros. No Rio Grande do Sul, a meta foi superada na formação de mestres (6200), mas ainda não foi alcançada na formação de doutores (2400).
Manifestações
O reitor da Unipampa, Roberlaine Jorge, defendeu o realinhamento das metas por conta da pandemia. Ele considera que o maior problema do ensino superior hoje não é a oferta de vagas, mas a falta de políticas e estratégias para manter os alunos na universidade. A crise econômica, em sua avaliação, é o principal fator de afastamento dos alunos, cuja maioria necessita de suporte para concluir a graduação. “Está cada vez mais difícil garantir a manutenção e o crescimento da assistência estudantil. O perfil de nossos alunos mostra que 70% deles são carentes e necessitam de um mínimo de auxílio”, frisou.
O professor Sérgio Roberto Franco, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, alertou que a expansão de matrículas no ensino superior se dá pelo aumento de oferta em instituições privadas. Muitas entidades com fins lucrativos no Rio Grande do Sul, segundo ele, foram adquiridas nos últimos anos por grupos de fora do estado, trazendo dificuldades, especialmente, para universidades comunitárias.
Também da UFRGS, a professora Sônia Maria Moreira Ogiba ressaltou que as matrículas nas universidades públicas estão estagnadas e advertiu que o retrocesso nas políticas sociais afeta a qualidade da educação. Enfatizou ainda que o Censo do Ensino Superior de 2020 mostra uma expansão do ensino privado no RS por meio da presença de faculdades isoladas, que concentram 16,2 % das matrículas.
Já a reitora da Unijuí, Cátia Nehring, afirmou que a pandemia agravou o quadro, mas não foi o fator que desencadeou a crise vivenciada pelas 14 universidades comunitárias existentes no estado. Uma das causas, segundo ela, é o aumento da presença de faculdades que oferecem a modalidade de ensino à distância. “Não estamos preocupados com a modalidade híbrida, que garantiu o funcionamento na pandemia, mas como o fato de que a modalidade EAD está se tornando maior que a presencial. É preciso ter claro o que isso significa na formação dos alunos e o impacto que representa na contratação de professores”, frisou.
O diretor do Sinpro/RS, Marcos Fuhr, defendeu a retomada de políticas públicas de financiamento das universidades comunitárias e a proposta de destinação de 0,5% da receita corrente líquida do estado para a compra de bolsas nestas instituições.
Fonte: Agência de Notícias ALRS