Foto: Rafael Stedile
A Secretaria de Combate ao Racismo do Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio Grande do Sul lançou o primeiro Comitê Popular de Luta Estadual Antirracista. A atividade aconteceu neste sábado (14), na Comunidade Terreira Ilê Axé Iyemonjá Omi Olodô, em Porto Alegre, com a presença do deputado Edegar Pretto. O objetivo é construir um grande pacto por um RS sem racismo, ampliando também a possibilidade de constituir uma bancada negra na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.
Uma das principais questões apresentadas no evento é a importância de o povo negro ter voz e, sobretudo, participar da construção de políticas públicas que defendam suas vidas e garantam oportunidades. “É muito simbólico fazermos essa reflexão coletiva sobre qual é o estado, qual é o Brasil que nós queremos, quais serão os alicerces das principais políticas de inclusão aos trabalhadores, em especial o povo negro, da periferia, às mães negras, às mães solo, às mães que lutam por independência econômica e espaço, mas não têm onde deixarem seus filhos e filhas, porque não há uma creche. O Estado não está cumprindo a sua obrigação para dar essa oportunidade, especialmente ao povo da periferia, que em sua ampla maioria é negro”, disse Edegar Pretto.
O deputado afirmou ainda que num projeto de reconstrução do RS não deve ser tolerado o preconceito, a discriminação e o racismo. “A gente muda a realidade criando a consciência nas pessoas, mas não haverá esta mudança plena se o governo não constituir mecanismos de proteção a esses direitos, se não combater toda a intolerância de raça, de cor, de religião”, ressaltou.
Conforme Olumide Betinho, secretário de combate ao racismo do PT, o comitê vai organizar o debate da pauta racial, tanto internamente no partido quanto no conjunto da sociedade. “Queremos estabelecer uma agenda de compromissos com a participação do movimento social negro. Estamos aqui com várias lideranças, representantes de um conjunto de entidades, de comunidades remanescentes de quilombos, lideranças do povo de terreiro e do movimento negro mais tradicional. É uma agenda que nasce para que a luta antirracista seja implementada em todo o estado, no campo e na cidade”, afirmou.
O secretário acrescentou que o Brasil enfrenta um grande retrocesso nas políticas públicas de promoção da igualdade racial, o que evidencia a urgência de retomar um governo que esteja alinhado a essa pauta. “Tivemos grandes perdas, tanto na participação popular como no espaço de formulação das políticas públicas. E nós queremos resgatar isso. Na área da educação, por exemplo, nós defendemos uma universidade pública e gratuita, que possa garantir a entrada e a permanência da juventude negra e quilombola nas faculdades e universidades. Ainda tem a questão do combate à intolerância religiosa, com a garantia de um Estado laico”, apontou.
Presidente do Conselho do Povo de Terreiro do RS, o babalorixá Bàbá Diba de Iyemonja destacou que é emblemático que os terreiros também estejam envolvidos nos debates e nas estratégias políticas. Para ele, o momento é importante porque há o compromisso de lutar por uma sociedade mais acolhedora, que respeite as diferenças e o povo negro. “Nós queremos políticas públicas que façam a diferença na nossa mesa, na nossa moradia, na nossa saúde, na nossa educação e no nosso bolso”, concluiu.
Texto: Catiana de Medeiros