quinta-feira, 21 novembro

Sai ano, entra ano e a economia gaúcha patina e levanta poeira, encobrindo a visão de muita gente. Faltam investimentos para estimular a produção e o consumo para alavancar o mercado interno, a fim de gerar empregos e renda e reduzir as desigualdades. Não existem fórmulas mágicas, mas há experiências que trazem bons resultados. Mesmo quem possui olhos tapados não pode ignorar que há instrumentos, onde todos saem ganhando. Ganha o trabalhador que recebe mais e gasta não em Miami ou Paris, mas aqui, no comércio local. Ganham as empresas que, mesmo pagando mais aos seus empregados, produzem e vendem mais, aumentando os seus negócios. E ganha o Estado, que arrecada mais impostos, podendo aplicar mais recursos em saúde, educação, segurança e infraestrutura, além de ajudar a voltar a pagar em dia os servidores públicos.

Um desses mecanismos é o salário mínimo regional, que existe também em outros estados. Criado no governo Olívio Dutra, em 2001, o chamado piso regional chegou a ficar 30% acima do mínimo nacional entre 2002 e 2004. Nos últimos quatro anos, porém, o valor ficou defasado e agora é um bom momento para revigorá-lo. As centrais sindicais estão reivindicando junto ao governador Eduardo Leite um reajuste de 8,43% em 2019, visando restabelecer essa diferença de 30% como forma de valorizar o trabalho e girar a roda da economia. Segundo projeção do Dieese, cerca de 1,5 milhão de trabalhadores urbanos e rurais são beneficiados. Além disso, o piso regional é usado como parâmetro para as negociações coletivas de várias categorias, agindo como indutor do desenvolvimento econômico e social do Estado. Não enxergar o potencial irradiador de crescimento, que representam o emprego decente e os salários, revela uma visão atrasada e desconectada da dignidade humana. Que o governador, os deputados e as deputadas estaduais resgatem o poder aquisitivo do piso regional!

Antonio Güntzel, Secretário de Relações do Trabalho da CUT-RS

Fonte: Jornal do Comércio

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