sábado, 23 novembro
Foto CUT RS

A mobilização das centrais sindicais, realizada na manhã desta segunda-feira (9), em Porto Alegre, forçou o governo do Estado a receber uma comissão de dirigentes no Palácio Piratini para tratar do salário mínimo regional de 2022. O objetivo é garantir um reajuste através do envio de um projeto de lei para a Assembleia Legislativa, dentro da maior brevidade possível.

Com data-base em 1º de fevereiro, as centrais reivindicam 15,58% de reajuste para repor as perdas com a inflação de 2021 e de 2019, que não foi paga, para cerca de 1,5 milhão de gaúchos e gaúchas que recebem os menores salários no RS, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O deputado Luiz Fernando Mainardi classifica a situação no atual governo de trágica, argumentando que o piso não foi reajustado em 2019 e 2020, o que ocasionou perdas para cada trabalhador que ultrapassam a R$ 2 mil. “E em 2021, o governo queria conceder um reajuste quase criminoso de 2,7%. Com luta e mobilização foi possível chegar a um compromisso de reposição de pelo menos a inflação de 2000. Mas ficou a dívida, que agora está sendo cobrada”, revelou. Para 2022, o parlamentar defendeu um reajuste de 15,58%, que equivale à inflação de 2019 a 2021.

Governo promete marcar reunião com centrais

Após ouvir os dirigentes da CUT, CTB, Força Sindical, UGT, Intersindical e CSP-Conlutas, junto com a presidente do Conselho Estadual do Trabalho, Emprego e Renda (Ceter), Maria Helena Oliveira, o chefe do gabinete da Casa Civil, Jonatan Brönstrup, prometeu agendar uma reunião com as centrais depois de ser votado o Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 48/2022, que trata do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), em tramitação na Assembleia e que está na ordem do dia desta terça-feira (10).

“Após essa votação, queremos marcar uma reunião para debater sobre o piso regional e encaminhar um projeto de lei para a Assembleia”, disse Jonatan.

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, cobrou agilidade do representante do governo Eduardo Leite/Ranolfo Vieira Jr., ambos do PSDB. “Fizemos um apelo para que o governo envie projeto de lei de reposição das perdas dos trabalhadores, em regime de urgência, para agilizar a tramitação.”

“Quem recebe o mínimo regional está sofrendo as agruras da vida, pois a inflação não para de subir e, com ela, tudo está ficando mais caro, especialmente a cesta básica. O piso regional contempla os setores mais empobrecidos e vulneráveis da sociedade gaúcha, os mesmos que são mais atingidos pelo processo inflacionário”, reforçou Amarildo.

“Nós queremos um posicionamento do governo, já que já houve reunião com as representações dos trabalhadores e dos empresários. Não aceitamos repetir o que ocorreu em 2021, quando o reajuste foi aprovado em dezembro retroativo a outubro. Santa Catarina e Paraná já concederam reajustes em janeiro e hoje o Rio Grande do Sul tem o menor piso regional entre os três estados”, destacou Maria Helena.

Ato com protestos e caminhada nas ruas de Porto Alegre

A concentração teve início por volta das 10h, em frente à sede da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), no Largo Visconde do Cairu, ao lado da Praça Parobé, no centro da capital gaúcha. A entidade patronal, junto com as demais federações empresariais, defende o congelamento do mínimo regional.

Depois, foi realizado um ato com protestos contra a postura dos empresários e o descaso do governo tucano. Todas as centrais presentes se manifestaram, assim como várias federações de trabalhadores.

Por volta das 11h, segurando faixas, cartazes e bandeiras, os participantes saíram em caminhada pelas avenidas Mauá e Borges de Medeiros, entrando depois na Rua Jerônimo Coelho até a Praça da Matriz, terminando a marcha em frente ao Piratini.

Governo e empresários querem distribuir miséria

“Quanto mais o trabalhador ganhar, mais ele compra e faz a renda circular. Mas o governo e os empresários querem distribuir miséria e estamos vendo que faltam respeito e políticas públicas de combate à desigualdade. O preço da cesta básica aumentou. Os preços dos combustíveis e do gás de cozinha dispararam”, disse o secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antônio Güntzel.

“Estamos na luta pela valorização desse poderoso instrumento que distribui comida, esperança e a possibilidade de os mais pobres comprar um litro de leite e botar arroz e feijão na mesa da família”, frisou Antonio.

Quem ganha piso regional não investe no exterior ou na Bolsa

Para a presidente do CPERS Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, “essa política de não reajustar o mínimo regional desconhece que o trabalhador não usa o seu salário para investir fora do país ou para investir na Bolsa. Nós usamos o nosso salário para comprar alimentação, para comprar vestuário e para sobreviver”.

“Os empresários, ao aceitarem a nossa proposta de reajuste, estarão investindo nas suas empresas, porque elas venderão mais. Eu vi os empresários reclamando que não venderam tanto no Dia das Mães. Isso é resultado do arrocho que os próprios empresários estão impondo à classe trabalhadora do nosso estado”, disse Helenir.

Mínimo regional é fundamental para trabalhadores da Saúde

O presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jesian, disse que “aqui no Brasil nós temos a triste posição de ser o quarto país do mundo onde mais morreram trabalhadores da Saúde na pandemia. Mas, mesmo assim, nós não desistimos. Hoje ainda existem muitos trabalhadores que não chegam a receber R$ 1 mil de salário”.

“O mínimo regional é de extrema importância para nossa categoria. Ele é importante para a saúde do Rio Grande do Sul e para todas e todos que ainda dependem desse pequeno valor que os nossos empregadores não querem enxergar”, ressaltou Júlio.

Não há desenvolvimento às custas da fome do trabalhador

O presidente da Federação dos Trabalhadores da Saúde (Feessers), Milton Kempfer, lembrou que “hoje até para comprar comida está se parcelando no cartão de crédito, porque o salário é insuficiente para todos sobreviverem, mesmo trabalhando”.

“Eles falam de desenvolvimento econômico, mas às custas da fome do trabalhador não gera desenvolvimento. O que gera desenvolvimento é o consumo e, para consumir, é preciso ter salário”, disse Milton ao se referir aos empresários e defendeu igualmente o reajuste do piso regional.

“Estamos aqui, como classe trabalhadora, lutando unidos e não vamos desistir, enquanto o governador não enviar um projeto decente de reajuste do mínimo regional para a Assembleia Legislativa”, frisou.

Fonte: CUT/RS com informações da assessoria da Bancada do PT na ALERGS

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