domingo, 24 novembro

A campanha do Comitê Eles por Elas, da ONU Mulheres, tem o objetivo de chamar os veranistas para que sejam multiplicadores da luta pelo fim da violência, do abuso e do assédio

Um movimento com bandeiras estampadas pela frase “Violência contra as mulheres NÃO” chamou a atenção de quem estava nas praias de Torres, Capão da Canoa e Imbé, neste sábado (26). Dezenas de integrantes e apoiadores do Comitê Gaúcho Eles por Elas – He For She, da ONU Mulheres, caminharam pela areia pedindo um olhar mais atento da população, quanto a possíveis casos que possam estar ocorrendo em qualquer ambiente.

O grupo fez abordagens de conscientização aos veranistas, pelo fim da violência, do assédio e do abuso contra o público feminino. Também entregou material informativo durante o trajeto e orientou as pessoas sobre as formas de agir, para que qualquer um possa fazer a denúncia, quando identificar casos de violência física, sexual ou psicológica.

Segundo o coordenador do comitê, Edegar Pretto, que lidera pela quinta vez a campanha no litoral, as pessoas estão abertas e querendo conversar sobre este assunto. Para ele, a praia, onde homens e mulheres estão com as suas famílias reunidas confraternizando, é um ambiente propício e que possibilita um diálogo franco e transparente sobre como reduzir os números assustadores de violência contra as mulheres registrados no Rio Grande do Sul.

“É muito grave nós termos perdido 97 mulheres vítimas de feminicídios, só no ano passado. Milhares de mulheres estão sofrendo violência neste momento, e muitas delas estão quietas porque ainda não sentiram a proteção do Estado e a mobilização da sociedade para acolhê-las como vítimas e sem julgamento”, ressaltou Pretto.

O advogado Egbert Mallmann, 37 anos, de Porto Alegre, ficou sabendo da campanha no litoral pelas redes sociais, e fez questão de caminhar junto com a namorada Mariana Dermmam, também advogada, em apoio ao grupo e à causa. “Uma campanha de combate à violência contra as mulheres é especialmente importante nessa época de carnaval, onde os índices aumentam bastante. Nós, homens, precisamos nos engajar, dialogando com outros homens sobre assuntos como consentimento, abusos e sobre as diferentes formas de violências contra mulheres e meninas”, observou.

No Rio Grande do Sul, o número de feminicídios é maior a cada ano. Os 97 casos ocorridos em 2021 estão 21% acima dos números do ano anterior, que teve 80 vítimas. Só no mês de janeiro de 2022 já foram 10 mulheres assassinadas por esse tipo de crime no estado. Nos 23 municípios da Associação do Litoral Norte foram registrados três feminicídios no ano passado.

O Comitê Gaúcho Eles Por Elas realiza campanhas de conscientização contra a violência de mulheres, conversando com o público masculino para que eles possam ser multiplicadores, junto a outros homens, do seu grupo de amigos, familiares, colegas de trabalho, entre outros. A organização, ligada à ONU, também busca  orientar as mulheres, para que elas se reconheçam dentro de um ciclo de violência e tenham coragem de romper o silêncio e denunciar o agressor.

Eles Por Elas

O movimento mundial da ONU Mulheres Eles por Elas é um esforço global criado em 2014 para difundir a conscientização pelo fim de todas as formas de discriminação e violência contra mulheres e meninas.

O Rio Grande do Sul foi o primeiro estado do país a aderir ao Eles Por Elas. O Comitê Gaúcho é apartidário, composto por empresas, universidades, instituições públicas, de segurança e judiciário, artistas e clubes de futebol da dupla Grenal. É o único autorizado pela ONU no Brasil. Uma de suas principais campanhas é a da Máscara Roxa, lançada em 2020 durante a pandemia para ajudar mulheres vítimas de violência doméstica em todo o estado.

Texto: Leandro Molina (MTE 14614)

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