domingo, 24 novembro
Foto Greice Nicheli/PTSUL

Criar uma Frente Parlamentar em Defesa das Vítimas da Covid-19, realizar uma Audiência Pública e um grande seminário com a participação da Secretaria Estadual da Saúde (SES), sociedade civil e Universidades Federais e, a partir dele, vários encontros regionais para discutir ações que auxiliem na construção de políticas públicas para as pessoas que tratam das sequelas deixadas pela doença. Estes foram os encaminhamentos tirados do encontro realizado na manhã desta quarta-feira (23) entre presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Valdeci Oliveira (PT), e representantes do Comitê Estadual em Defesa das Vítimas da Covid-19, da Associação das Vítimas de Covid-19 (Avico) e da Associação Nacional em Apoio e Defesa dos Direitos das Vítimas da Covid19 – Vida e Justiça.

O objetivo é organizar ações coletivas para melhorar a qualidade de vida e dar maior visibilidade às pessoas que ficaram com sequelas em decorrência da doença, pois de acordo com o Conselho Estadual de Saúde (CES), os indicadores só mostram os números de contaminados, óbitos e recuperados da covid-19, mas não mostram os que ficam com sequelas, muitas delas graves. “Precisamos dar visibilidade às vítimas e aos órfãos, mas para isso é preciso a participação do setor público, por isso queremos que seja criada uma Frente Parlamentar em defesa das vítimas”, afirmou a vice-presidente do CES, Inara Beatriz Amaral Ruas.

Para o presidente do Parlamento gaúcho, o pedido, uma das ações previstas da gestão, é perfeitamente plausível e necessária. Valdeci sugeriu que o Fórum Democrático articule junto aos mandatos dos deputados Jeferson Fernandes e Pepe Vargas, ambos do PT, a criação da Frente Parlamentar e a realização do Seminário para debater e organizar ações em benefício das vítimas da Covid-19. Este fórum deverá ficar encarregado também de articular e reivindicar junto à SES uma ação imediata que resolva o déficit de atendimentos. “As pessoas não estão conseguindo acessar fisioterapia respiratória, há filas para todos os atendimentos, inclusive para cirurgias, e não há previsão de que as pessoas sejam atendidas. Só dizem que precisamos aguardar”, afirmou a coordenadora do Núcleo de Saúde da Associação Nacional em Apoio e Defesa dos Direitos das Vítimas da Covid-19 – Vida e Justiça, Rosângela Dorneles.

Outra reivindicação das associações é para que seja levantada a quantidade de vítimas em tratamento das sequelas. “Temos um grande número de profissionais da saúde com sequelas diferenciadas que vão de leve a graves, mas para o Rio Grande do Sul essas pessoas estão invisíveis. Sabemos que elas existem, mas precisamos que a Assembleia Legislativa e a sociedade, saiba delas”, disse a presidente da Avico, Paola Falceta. Segundo ela, a estimativa é de que no Rio Grande do Sul haja mais de 500 órfãos, mas não há um levantamento oficial. “Quem tem estes números são os cartórios de registros de nascimentos e óbitos. Por isso há a possibilidade de monitorar, mas precisamos que a Assembleia e o poder público nos auxilie”, apelou.

Valdeci afirmou ainda que é possível buscar dados detalhados a partir de parcerias com a Universidade Federal de Pelotas, por exemplo. “Podemos realizar na segunda metade de março um seminário com a participação do professor infectologista Pedro Hallal, que já se colocou à disposição para auxiliar no levantamento de dados mais amplos”, disse, defendendo que haja uma grande mobilização. “Não podemos naturalizar o que está acontecendo. Há interesse de alguns setores em não divulgar as mortes, mas precisamos dar visibilidade às vítimas para que o Estado estabeleça políticas públicas voltadas a elas”. O encontro também contou com a participação de representantes dos mandatos dos deputados Pepe Vargas e Jeferson Fernandes, da assessoria técnica da bancada do PT, além do presidente do Conselho Nacional da Saúde, Fernando Pigatto.

Texto: Claiton Stumpf (MTB 9747)

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