sábado, 23 novembro
Foto Brian

Lideranças, militantes e apoiadores do PT de todo o estado reuniram-se na manhã deste sábado (18) no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa, na Conferência Estadual do partido, para aprovar a pré-candidatura de Edegar Pretto ao governo do Estado e dar o pontapé inicial na elaboração do plano de governo para as eleições de 2022. Durante o encontro, também foram empossados os representantes das setoriais e coordenações regionais do partido.

O presidente estadual do PT, deputado federal Paulo Pimenta, disse que essa conferência ocorre em um momento muito importante tanto para a construção do partido quanto para a reafirmação de projeto social e democrático. “Recentemente realizamos as eleições das regionais que envolveram as nossas setoriais que hoje tomam posse. Por isso é importante falarmos e pensarmos juntos sobre a conjuntura, sobre o momento que estamos vivendo e a dimensão do papel histórico do partido para dar conta do desafio que nos espera no próximo período”.

Pimenta acrescentou que neste momento em que o país voltou ao mapa da fome, ao desemprego e à miséria, vivemos uma encruzilhada histórica e que o resultado trará consequências por muitas décadas, inclusive para além do Brasil. Boa parte do futuro da América do Sul, segundo o presidente, depende do desfecho deste processo político que vivemos no Brasil. “O protagonismo que assumimos no fortalecimento da Unasul, do Mercosul, do BRICS, a presença do Brasil com Lula no G-8 e g-10, mostrou que podemos construir um mercado potente e viabilizarmos uma mudança estrutural na relação perversa que nos coloca muitas vezes na condição de colônia”.

Pimenta falou também do legado positivo deixado pelas experiências do PT à frente de prefeituras, como a de Porto Alegre, e do governo do Estado. “Estivemos presentes em todas as lutas e conquistas do campo e da cidade, sempre lutando em cada esquina, cada ocupação, cada fábrica, para que o estado fosse mais justo, portanto é chegada a hora de criarmos as condições políticas para voltarmos a governar. Temos o melhor nome para apresentar na construção dessa unidade que é Edegar Pretto, para construir o palanque no RS e para criar as condições reais para voltarmos ao Piratini”.

O líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa, deputado Pepe Vargas, observou que Bolsonaro foi eleito por uma forte coalizão política que envolveu a direita mais tradicional no espectro partidário, empresarial e midiático. “No RS, Leite foi eleito pela mesma coalizão. Entretanto, se no plano nacional há uma cisão entre os conservadores, no RS mesmo que não estejam unificados no processo eleitoral, no exercício do governo eles estão unificados na Assembleia Legislativa e Leite pode ter feito críticas ao Bolsonaro para se credenciar à disputa interna do seu partido, mas em momento algum fez crítica à política econômica que está gerando desemprego e fome”.

Conforme o líder, a bancada na AL tem pautado alguns temas além da resistência contra a venda do patrimônio e a destruição dos serviços públicos. “Neste estado em que milhões passam fome, temos projeto que trabalha a Renda Básica, temos programa que visa crédito emergencial à agricultura familiar, temos projeto que trabalha fundo de aval e crédito subsidiado a micro e pequenas empresas e temos projeto de valorização do salário mínimo regional, então temos condições de apresentar um programa de governo completo e o nome para fazer isso é o companheiro Edegar Pretto”.

A 1ª vice-presidenta do PT-RS, Juçara Dutra, destacou a volta do machismo, do racismo e da homofobia durante o governo Bolsonaro. “Nossos governos colocaram empregadas em avião, negros e negras na universidade, levaram luz para quem vivia na escuridão, levou a política social a todo país, dando moradia e dignidade à nossa população e isso nunca foi perdoado. Por isso temos que nos preparar para vencer o bolsonarismo que foi a figura que eles encontraram para depositar seus desejos de ver o Brasil um país colonialista, machista, racista e excludente”. A posse, disse ela, é simbólica pois “não sabemos quem serão nossos aliados, mas sabemos que temos que fortalecer nossa base social”.

A mudança também foi defendida pelo presidente da CUT, Amarildo Cenci, para quem isso exige participação de todas as gerações de militantes. “Precisamos fazer nossa parte organizando e mobilizando, pois precisamos acender a chama da esperança”.

Reginete Bispo, representando o senador Paulo Paim, ressaltou a importância de combater o racismo estrutural e o machismo, colocando essas pautas no centro de um projeto de desenvolvimento de estado e país. “Essas pautas têm que estar na centralidade do governo. Eu coloco esses dois pontos porque, quando falamos de povo brasileiro, nós estamos falando de no mínimo 60% do povo preto desse país, de no mínimo de 51% das mulheres desse país. Então não podemos pensar em democracia colocando esse debate em segundo plano. Tem que estar na centralidade dos nossos governos e do debate do Partido dos Trabalhadores. Assim nós vamos fazer a diferença”.

O momento e as dificuldades pelas quais atravessa o Brasil também foram ressaltados pelo líder da bancada do PT na Câmara, deputado Elvino Bohn Gass, que disse estar dividido entre sentimentos de tristeza pelas 600 mil pessoas que morreram devido ao negacionismo do governo e porque as crianças que antes pediam brinquedos ao Papai Noel, este ano pedem um pedaço de carne. Tristeza porque o governo do Rio Grande do Sul até o plebiscito retirou para vender o patrimônio, por não haver reposição salarial, por não haver mais Plano Safra. Por outro lado, disse, o sentimento de alegria por ver o resultado da resistência. “A PEC que destruiria o serviço público não foi aprovada. Também no início do ano nos acusaram e agora Moro é suspeito, Dallagnol está respondendo processos e Lula é livre, inocente e elegível”, disse, defendendo a construção de um projeto que possa reestatizar empresas, repor para o servidor público a garantia de trabalho, que estimule a agricultura familiar e que possa impedir as queimadas e o uso de veneno.

Cedenir de Oliveira, dirigente estadual do MST, falou da gravidade da crise que o país enfrenta, ressaltando que ela não começou na pandemia. “A Covid já é consequência da grave crise que vive a nossa sociedade, que é a crise do sistema capitalista. Esse modelo de produção não dá mais conta de resolver os problemas sociais. É um modelo que produz milhões de toneladas agrícolas, e temos milhões de pessoas passando fome. É esse modelo que transforma o Porto de Rio Grande numa mangueira, para mandar gado para outros países, e nosso povo atrás de osso para poder se alimentar. Esse não é o modelo do futuro.”

O também dirigente do PT, ex-deputado Raul Pont, afirmou que não é a aposentadoria que o faz estar na rua lutando permanentemente por uma outra sociedade, mas sim o comprometimento com um projeto progressista e disse que o início da campanha deve servir para não deixar dúvidas sobre a identidade política do partido. “Temos um campo definido, claro e nossas mobilizações de anos atrás demonstraram quem está conosco”. Observou também que quando Edegar assumir será com o teto de gastos e com o Judiciário e as instituições responsáveis pelo golpe. “Temos que mobilizar a opinião pública sobre isso”.

Partidos de esquerda prestigiam conferência petista

O senador Paulo Paim e o ex-governador Olívio Dutra não puderam estar presentes na Conferência Estadual do PT, mas enviaram vídeos em apoio à pré-candidatura de Edegar Pretto e à unidade da esquerda. Representantes do PCdoB e do PSB também se manifestaram na Conferência Estadual do PT, defendendo a unidade do campo progressista para retomar políticas públicas para quem mais precisa e implementar o crescimento da economia e da geração de emprego e renda no Estado e no Brasil. O presidente estadual do PCdoB, Juliano Rosso, afirmou que há uma necessidade de desmascarar, isolar e derrotar Bolsonaro e para isso é preciso um projeto de desenvolvimento liderado por uma frente ampla. “Precisamos construir uma grande unidade do nosso campo político para irmos ao segundo turno e ganharmos. Nomes, programa e projetos nós temos”.

A unidade também foi defendida pelo presidente estadual do PSB, Mario Bruck. Ele afirmou que mais do que nunca é necessário que as forças progressistas encontrem os caminhos para a convergência para combater o autoritarismo que tem causado tanto mal ao povo brasileiro, com a volta da fome, desconstrução das políticas públicas e com o encerramento dos conselhos que permitiam que o povo participasse da construção. “Temos que ter a capacidade e a grandeza de enxergar o que nos une. A população pobre deste país, que está sofrendo, precisa que os partidos tenham maturidade para aparar arestas. Com a nossa unidade e nossa militância, derrotaremos este governo corrupto. O RS precisa das forças progressistas que têm comprometimento com a sociedade gaúcha”.

Maior missão de Edegar Pretto

O ex-governador Tarso Genro também participou da Conferência. Ele falou da trajetória de luta política, de retidão de caráter e do desempenho extraordinário de Edegar Pretto como parlamentar, que agora tem um novo e importante papel. “Ele vem a ocupar agora esse lugar central na liderança política do nosso partido, do nosso estado e de uma grande frente contra o fascismo, e para auxiliar Lula a retomar a ofensiva democrática e popular em todo país”.

Para o deputado Edegar Pretto, ser pré-candidato ao governo do RS é a maior missão da sua vida, a qual vem acompanhada de uma grande responsabilidade. “Estou com a coragem de um leão, porque estarei ao lado de Lula. Não faltará esforço e energia para formarmos uma frente ampla para garantir o maior palanque para o ex-presidente aqui no Rio Grande do Sul”. Ele adiantou que o combate à fome é uma das prioridades do seu Programa de Governo, que a partir de agora começa a ser construído em assembleias populares que serão realizadas a partir do próximo ano em todo o estado.

Texto: Claiton Stumpf (MTB 9747)

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