Diante da necessidade de construir alternativas de organização para os motoristas de aplicativos, o deputado estadual Pepe Vargas (PT), propôs o debate, na tarde desta segunda-feira (13.12), a realização de audiência pública híbrida na Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, da Assembleia Legislativa. O encontro buscou verificar as dificuldades dos motoristas em várias regiões do estado e conhecer melhor e divulgar a experiência da cooperativa caxiense, Liga by Comobi. A reunião foi presidida pelo deputado estadual Zé Nunes (PT).
O parlamentar explicou que, atualmente, existem inúmeros aplicativos de transporte individual no Brasil e no mundo e, a grande maioria, associados a empresas estrangeiras as quais aplicam uma política de remuneração prejudicial aos motoristas. “Existe uma relação profundamente desigual entre os motoristas e as grandes plataformas, que tem por trás de si, investimentos internacionais, capitais externos e consequentemente um poder significativo”, salienta.
Além disso, segundo Pepe Vargas, os motoristas são prestadores de serviço autônomos ou microempreendedores individuais, submetidos a uma relação contratual desigual, com despesas crescentes. “ A situação dos combustíveis, por exemplo, está insustentável, e o retorno ao motorista é cada vez mais baixo”, criticou.
A organização cooperativa, na análise do deputado, possibilita uma remuneração melhor aos motoristas associados, à medida que são donos do próprio negócio e contam com as vantagens de um conjunto de prestação de serviço, como convênios com empresas e outras relações comerciais. “Os usuários também se beneficiam deste modelo, com preço mais adequado”, destacou.
O deputado também citou como vantagem desse modelo, o fato dos tributos recolhidos serem aplicados nos municípios. “Um aplicativo local recolhe para o município, com um efeito positivo que se reverte na melhoria do sistema viário, da saúde, da educação e de um conjunto de políticas públicas”, salientou.
Estiveram presente na audiência pública, o presidente da Liga by Comobi, Márcio Guimarães, o diretor financeiro, Guilherme da Silveira e o secretário de Comunicação, Alexandre Corá, o representante da União Gaúcha de Motoristas Autônomos, Mauro Souza, a representante do Sindicato dos Motoristas de Transporte Individual por Aplicativo do Rio Grande do Sul, Carina Trindade e pela Associação Liga dos Motoristas de Aplicativos do Rio Grande do Sul, Joe Moraes.
Modelo Cooperativista de APP em Caxias do Sul
A fatia que as plataformas de aplicativos abocanham de cada corrida, enquanto que o custo aos profissionais sobe cada vez mais, foi um dos motivos que levou motoristas caxienses a criar o Liga by Comobi, um aplicativo desenvolvido na cidade e que já reúne cerca de 570 profissionais. De acordo com o presidente da Comobi, Márcio Guimarães, o objetivo é oferecer um serviço mais próximo ao usuário, sem as dificuldades de relacionamento que os passageiros — e até os motoristas — enfrentam com as plataformas de fora da cidade ou do país.
Para os motoristas, o novo aplicativo é a oportunidade de tornar a atividade mais viável financeiramente, mas sem aumentar a tarifa ao consumidor. A diferença está no montante que fica com a plataforma. Enquanto os grandes aplicativos retém de 25% a 35% de cada corrida, o Liga by Comobi propõe ficar com 15%.
Outra vantagem do aplicativo é a segurança. Toda a frota é rastreada e informações de roubos de veículos, por exemplo, serão compartilhadas com a Brigada Militar. O fato de ser uma empresa local também abre as portas para um melhor relacionamento com o poder público, que regula a atividade.
Os associados já fazem com que o Liga by Comobi represente cerca de 30% a 40% da frota de transporte por aplicativo da cidade e se assemelha também ao total de táxis.
Texto: Silvana Gonçalves (MTB 9163)