20º Encontro Encontro Diocesano de Sementes Crioulas reuniu agricultores camponeses que partilham sementes de dezenas de espécies de alimentos
Um encontro tradicional e simbólico para quem defende a alimentação saudável e livre de agrotóxicos teve a sua 20ª edição nesta quarta-feira (27). O Encontro Diocesano de Sementes Crioulas ocorreu na comunidade da Vila Santa Emília, em Venâncio Aires. Na reunião, que fortalece a agricultura camponesa e familiar, os produtores realizam a troca e a comercialização de sementes crioulas de diversos tipos de milho, feijão, legumes, hortaliças, entre outras. “Esse encontro garante a soberania do pequeno agricultor, que não fica dependente das multinacionais que detêm o monopólio das sementes. Aqui a gente planta e colhe alimentação saudável, que é sinônimo de vida”, salientou o deputado Edegar Pretto, que é coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Alimentação Saudável.
Enquanto o país vive o dilema da fome e da desnutrição, o mercado de produtos transgênicos está cada vez mais expressivo e a exportação de grãos cresce a cada ano. Por outro lado, o movimento dos agricultores “Guardiões das Sementes”, como são denominados aqueles que cultivam, partilham e preservam as sementes crioulas, vem reforçar a importância de manter a produção de alimentos orgânicos e livres de agrotóxicos. Uma das principais guardiãs das sementes na Região de Santa Cruz do Sul, Oldi Jantsch, disse que o encontro significa alimentação saudável, propriedades autossustentáveis sem agrotóxicos e adubos, o que representa uma grande esperança.
“Esses são projetos que nós precisamos fortalecer com políticas públicas para que esse grupo que está aqui expondo os produtos possa estar em cada município, reconhecidos como mercado. E que as pessoas pudessem, principalmente a juventude, produzir e ganhar dinheiro para poder permanecer na roça. Os jovens querem continuar na roça, mas as dificuldades que os agricultores têm é grande, por causa da exploração no tabaco e no milho e na soja transgênicos”, pontuou Oldi.
Seu Reinaldo Rodrigues, de 85 anos, o guardião mais antigo das sementes crioulas na região, ficou emocionado na hora de se manifestar para o grupo e foi muito aplaudido. Agricultor durante toda a sua vida, ele explica como funciona o encontro. “Aqui a gente traz aquela semente que temos e trocamos por outra, de qualquer produto, só que tem que ser crioula, eu mesmo tenho que colher o produto para tirar a semente. Eu participei de todos os encontros diocesanos e de todas as edições das 43 Romarias da Terra, organizando também as caravanas para para a romaria”, conta com orgulho.
O encontro faz parte da organização da Pastoral da Terra, da Diocese de Santa Cruz do Sul, da Escola de Jovens Rurais e dos Guardiões de Sementes. “Nós temos hoje uma organização chamada “Articulação da Agroecologia do Vale do Taquari e Vale do Rio Pardo, que reúne diversas entidades, mas para nós o importante são os agricultores e agricultoras, a juventude que está cuidando e multiplicando as sementes”, acrescentou Oldi Jantsch.
“Vale lembrar, que ao longo dos mandatos dos ex-presidentes Lula e Dilma, 36 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza no país. Hoje, vocês sabem que nesse estado agrícola, que produz tanto, nós temos hoje mais de 1,2 milhão de pessoas, pais e mães, que não sabem se terão o que colocar na mesa para os seus filhos no dia seguinte. O nosso estado é o que tem a cesta básica mais cara do país. O que vocês estão fazendo aqui é um alento para a nossa alma e para o nosso coração. Distribuir sementes é distribuir vida, é distribuir solidariedade”, finalizou Edegar Pretto.
Texto: Leandro Molina (MTE 14614)