sexta-feira, 22 novembro
Crédito Ronaldo Quadrado
A última sessão plenária do ano, realizada na tarde desta quinta-feira (20), foi marcada por uma homenagem à Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), criada em 2001 pelo governo Olívio Dutra. O deputado Zé Nunes (PT) ocupou o período do Grande Expediente para ressaltar a importância da instituição na garantia de educação de qualidade a mais de cinco mil jovens gaúchos e na promoção do desenvolvimento regional. “A UERGS nasceu de uma combinação de sonho coletivo, luta, persistência e compromisso político. Representou uma vitória numa disputa de visões de desenvolvimento”, frisou o parlamentar.
Na avaliação do deputado, o Rio Grande do Sul demorou para ter sua universidade estadual. Lembrou que a Universidade do Estado de São Paulo (USP), uma das maiores da América Latina e uma das melhores do mundo, foi criada em 1934. O mesmo estado criou em 1962 a UNICAMP e, em 1976, a UNESP, resultado da incorporação de diversos institutos de ensino superior. “Essas instituições influenciaram decisivamente no desenvolvimento daquele estado. Aí reside uma das explicações para que tenhamos ficado para trás”, acredita o petista.
Zé Nunes fez um apanhado do ambiente político dos anos 80 e 90 e da luta que se travou para que o Rio Grande do Sul conquistasse sua universidade. “Foi no calor de muitas mobilizações, na contramão do neoliberalismo dos anos 90, que muitas vozes disseram que o Rio Grande do Sul poderia e deveria ter sua universidade também”, apontou, lembrando que a primeira iniciativa legislativa neste sentido foi o PL 220/1998, que teve 22 deputados como proponentes e 25 mil assinaturas em apoio à sua tramitação.
O deputado contestou concepções que consideram que os investimentos na educação são gastos. “Aplicar recursos em educação pública em todos os níveis é fazer investimentos no que mais importante existe: na população, especialmente, na juventude”, enfatizou.
Visão estratégica
Organizada sob a forma de uma fundação de direito privada, multicampi e mantida pelo poder público, a UERGS está presente em 24 municípios e tem forte caráter regional. “A disposição geográfica da nova instituição não foi por acaso, mas por definição estratégica para contemplar a matriz produtiva de nosso estado. Em sua missão, sempre esteve presente a visão de desenvolvimento regional”, ressaltou o petista.
Atualmente, a UERGS oferece 18 cursos de bacharelado, licenciatura e tecnólogo nas áreas de Ciências Humanas, Engenharias, Exatas e Meio Ambiente. Oferece também cursos de especialização nas sete regiões em que está presente e nas áreas de conhecimento dos cursos de graduação. A parir de 2016, a instituição passou a disponibilizar curso de mestrado em Ambiente e Sustentabilidade na unidade de São Francisco de Paula. E, em 2017, obteve aprovação para o curso de Mestrado Profissional em Educação, que será ministrado em Osório.
Pública e gratuita, a UERGS reserva metade de suas vagas para pessoas que não possuem recursos econômicos suficientes, incluindo cota para negros e indígenas, de acordo com o percentual que estas etnias ocupam na população gaúcha. Além disso, 10% das vagas são destinadas a pessoas com deficiência.
Sobrevivência
Zé Nunes afirmou que a universidade estadual tem sobrevivido aos governos que têm na austeridade fiscal a meta maior. “Ao longo dos anos sofreu com restrição orçamentária, que dificultou não somente a sua expansão como a própria qualificação. Isso fez com que a UERGS não pudesse dar todo o seu potencial”, avaliou, lembrando que para o próximo ano terá um orçamento de R$ 104,5 milhões.
O futuro da universidade, conforme o parlamentar, está vinculado à garantia de direitos da população. Ao citar o economista indiano Amartya Sen, Prêmio Nobel da Economia de 1998, Zé Nunes sustentou que investimentos em educação, saúde e proteção social são centrais para o desenvolvimento de uma nação e o fortalecimento da autonomia dos indivíduos. “Tenho a convicção de que investir em educação pública é fazer desenvolvimento. Nessa perspectiva, quero reafirmar a defesa da ideia que é dever do estado promover a igualdade de oportunidades. E no centro disso está o acesso à educação pública gratuita e de qualidade como um direito”, sustentou.
Mérito Farroupilha
No final do Grande Expediente, o reitor da UERGS, Leonardo Alvim Beroldt da Silva, recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha, maior honraria concedida pelo Parlamento gaúcho. Engenheiro agrônomo, ele é mestre em Fitotecnia e doutor em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Desde 2002, atua como professor na UERGS, tendo lecionado em diversas unidades. Além disso, foi coordenador da Área de Ciências Humanas, junto à Superintendência de Planejamento, entre 2010 e 2011, e pró-reitor de Ensino, entre 2011 e 2014. É membro do Laboratório em Gestão Ambiental e Negociação de Conflitos e grupo de pesquisa registrado no CNPq. Tem atuado na área de Desenvolvimento com ênfase em abordagens regional, rural e territorial, sustentabilidade, sistemas socioecológicos, agricultura e meio ambiente. Preside o Conselho Regional de Desenvolvimento da Região das Hortênsias e é membro da diretoria do Fórum Estadual dos Coredes. Eleito reitor pela comunidade universitária para quadriênio 2018-2022.
Apartes
Durante o Grande Expediente, os deputados Catarina Paladini (PSB), Gilmar Sossella (PDT) e Adão Villaverde (PT) se manifestaram por meio de apartes.

Fonte: Agência de Notícias ALRS

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