segunda-feira, 25 novembro
Imagem: Assembleia Legislativa

Com 44 votos favoráveis e dois contrários, foi aprovado, nesta terça-feira (21), na Assembleia Legislativa, o projeto de lei 39/2016, que declara o Hino da Legalidade como Música Símbolo da Resistência Democrática do Rio Grande do Sul. O PL é de autoria do deputado estadual Valdeci Oliveira e também é subscrito pela deputada Juliana Brizola, neta do ex-governador Leonel Brizola, líder do Movimento da Legalidade, que recentemente completou 60 anos. “O objetivo dessa iniciativa é prestar um justo reconhecimento aos autores da canção, a Lara de Lemos e o Paulo César Pereio, e a todos aqueles que, em 1961, por meio deste Movimento lutaram corajosamente pela democracia em nosso país. A maior parte dos gaúchos e gaúchas, tenho certeza, tem muito orgulho do que representou a Legalidade, que simbolizou um dos momentos políticos mais importantes do Século 20 no Brasil”, afirmou Valdeci.

História

O Movimento da Legalidade foi idealizado e liderado pelo então governador Leonel de Moura Brizola para, com a renúncia de Jânio Quadros, defender a Constituição e assegurar a posse do vice-presidente João Goulart, o Jango, na presidência da República. Iniciado em 27 de agosto daquele ano, com pronunciamentos de Brizola transmitidos pela Cadeia Nacional da Legalidade, liderada pela Rádio Guaíba e integrada por 114 rádios, o movimento saiu-se vitorioso em 1º de setembro, quando foi anunciado em rede nacional que Jango ocuparia, de fato, a cadeira presidencial.

Autoria
A autora da letra do Hino da Legalidade foi a gaúcha Lara de Lemos (Porto Alegre, 22/6/1923 — 12/10/2010), poetisa, jornalista, tradutora, educadora e militante política. Após o golpe de 1964, Lara foi perseguida, teve familiares presos e não pode mais exercer o jornalismo. O compositor da música foi o ator gaúcho Paulo César Pereio. Militante de esquerda, Pereio diz que pegou o poema de Lara e improvisou uma melodia. “Fomos para o estúdio e no mesmo dia já estava pronto”, diz ele, ressaltando que em seguida Brizola pediu que o hino fosse multiplicado. A partir daí, a música passou a abrir todas as transmissões da cadeia de rádios formada pelo então governador a partir de uma emissora que funcionava no porão do próprio Palácio Piratini, convocando o povo a resistir às manobras contra a posse de Jango.

Texto: Claiton Stumpf (MTE 9747) e Marcelo Antunes (MTE 8511)

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